sábado, 13 de junho de 2015

O mundo não pode ser colorido?

No final do século XIX, a Europa encontrava-se sob efeitos da segunda revolução industrial e um capitalismo cada vez mais desigual, individualista e competitivo. É nesse cenário que Émile Durkheim dará bases para construir sua sociologia metodológica. 
Primeiramente, deve-se considerar os fatos sociais – seu objeto de estudo – como “coisas”, já que existem independentemente da vontade do indivíduo. Conceituado como formas de agir, pensar e sentir que são impostas ao indivíduo de maneira geral, coercitiva e exterior, os fatos sociais impõe regras a serem cumpridas por todos.
De acordo com a perspectiva durkheimiana, a escola seria a instituição transmissora de tais normas de conduta, uma vez que ensina o modo como se pensa, age e sente em sociedade, necessários para prosseguir na vida adulta sem ser julgado e coagido. Nesse sentido, pensar que tudo é coletivo e desconsiderar as individualidades remeteria a um grande erro. Acredita-se que vomitar frases como “rosa é cor de menina e azul de menino” é, justamente, uma forma de validar a força social em detrimento do individual. Os pais aliados aos professores moldam crianças ingênuas e sem preconceitos em adultos maliciosos e preconceituosos, visando adequar os pequenos à vida social. Esquece-se que estes, ao crescer, começam a entender o mundo de sua maneira e passam a ter desejos pessoais que, se não aceitos pela sociedade, são repreendidos.
 Hodiernamente, a questão envolvendo a liberdade de escolha está em voga e assim, mostra-se que, ao mesmo tempo em que somos moldados e coagidos pelos fatos sociais ao longo do tempo, pode-se conseguir uma aceitação sem represálias - cada vez mais grupos tidos como diferentes são aceitos, ainda que o conservadorismo esteja presente. Por fim, conclui-se que olhar o indivíduo de maneira mais cuidadosa, respeitando suas individualidades e diferenças  seria o primeiro passo para que a ideia do Durkheim fosse refutada, uma vez que os indivíduos criariam uma consciência de que não é necessário vestir-se, portar-se e enquadrar-se a um estilo de vida específico para ser aceito socialmente. 
Baseado nessa coerção social, a música "estudo errado" do Gabriel O Pensador retrata bem o cenário escolar existente e seus defeitos notórios:

Eu tô aqui pra quê?
Será que é pra aprender?
Ou será que é pra sentar, me acomodar e obedecer?
Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater

Sem recreio de saco cheio porque eu não fiz o dever
[...] 
Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola de gude
Mas meus pais só querem que eu "vá pra aula!"

[...]
Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino
Não aprendo as causas e conseqüências só decoro os fatos
Desse jeito até história fica chato.


Leonardo Borges Ferreira, 1° ano direito noturno


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