sábado, 13 de junho de 2015

Ditadura Social

Émile Durkheim, sociólogo francês, em sua obra "As Regras do Método Sociológico", dá uma nova concepção para o estudo da sociologia, a qual foi primeiramente postulada por Augusto Comte, introduzindo a sociologia dentro do currículo acadêmico. Durkheim, afirma que a sociedade é quem dita as regras de conduta humana, estabelecendo que o comportamento humano nada mais é do que a reprodução daquilo que foi incorporado ao indivíduo através da convivência em sociedade, limitando, assim, o individualismo, de maneira drástica, salvo alguns casos mínimos nos quais a individualidade pode se manifestar. 

Assim, é proposto pelo autor em questão, o estudo das sociedades, porém, através de um viés neutro. Portanto, ao observar a sociedade, antes de se chegar a uma conclusão precipitada sobre ela, é preciso ir afundo, e abandonar qualquer pensamento ideológico como meio de estudo, para que seja possível compreender de fato como a sociedade se dispõe, sem deixar a análise ser influenciada por algum pensamento próprio do observador. Desse modo, a sociedade é vislumbrada de maneira pura, real, como ela realmente se comporta. 

Dentro do método sociológico de Durkheim, algo que está presente na sociedade fortemente é o fato social, que é aquilo que pode exercer coerção social sobre o indivíduo, é o que impõe as regras de conduta a serem seguidas pelo coletivo, impondo regras sociais. A sociedade, embora controle como os indivíduos atuarão dentro dela, como os papéis sociais de cada um, ela não permanece imutável, ela tende ao equilíbrio da ordem, entrando para exercer essa função o Direito, regulando as formas de proceder, para que seja evitado a anomia, que seria o comportamento anômalo do ser, que vai contra o pré-disposto pela conjectura social. 

Embora a sociedade molde os humanos da mesma maneira, nem todos reagem a essa formação do mesmo modo. Muitas vezes não é possível notar a coerção, pois os hábitos do cotidiano parecem normais para o andamento da vida, não deixam transparecer essa força de imposição. Porém, quando não concordamos com essas regras comportamentais, fica bem evidente o poder dessa força, assim, em determinadas situações as pessoas não conseguem lidar com a imposição social, mesmo que estas não estejam previstas em normas, mas são sentidas pela exclusão e isolamento, causa esta que pode levar ao não encaixamento nos padrões da sociedade, que pode levar à tristeza, solidão, depressão e sofrimento, causas comuns para os suicídios. 

Com base no pensamento de Durkheim, até os dias de hoje é possível ver como a massa é levada pelas características incorporadas pela sociedade, isso é perceptível, como dito anteriormente, por aqueles que fogem à regra, e também para o sociólogo que se priva de seus valores para estudar como uma determinada sociedade se comporta. Muitas características julgadas preconceituosas em certos indivíduos são reflexos da sociedade em que viverão, a criação que tiveram em determinado meio social, como o homofóbico e o machista, apesar de serem aspectos repugnantes, estas características não foram escolhidas por eles, mas passadas a eles como a conduta correta no contexto social em que vivem. Os evangélicos que recentemente foram protestar na câmara dos deputados contra a parada gay e as fantasias referentes ao cristianismo, fizeram-no por acharem desprezível aquilo que foi exposto na parada gay, o que funciona como uma regra social dentro do grupo social representado pelos evangélicos, fato social incorporado por esse grupo. De modo parecido agiu o grupo LGBT, tal comportamento feito com símbolos cristãos foi uma forma de protesto contra o preconceito sofrido por essa minoria pela igreja, é claro que dentre estes dois exemplos existem exceções, comportamentos anômalos, como ponderou o próprio Durkheim em sua obra. Portanto, é possível concluir que a sociedade impera uma espécie de "Ditadura" sobre os indivíduos, onde os contrários a ela são reprimidos.

Gabriel Magalhães Lopes
1º ano de Direito Noturno
Émile Durkheim - As Regras do Método Sociológico (Cap.1)

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