quinta-feira, 18 de junho de 2015

               Um dia quase arruinado por um fato social.

 “Comissão especial aprova redução da maioridade penal em crimes hediondos”. Quarta-feira começa com essa notícia. Que café da manhã mais triste foi o meu, o site de notícias da câmara me dá um banho de água fria e realidade. De onde surgiu a ideia da necessidade da redução da maioridade penal?
    Com esse questionamento em mãos, vou tomar o ônibus...é inevitável olhar em volta e pensar nos jovens que me rodeavam, será que eles realmente merecem ser punidos como adultos? Infelizmente a voz social se sobrepõe a minha e responde: SIM. E essa resposta me incomoda: fico impressionado como o discurso da maioria ou senso comum pode ser forte, arrebatando a tudo e a todos. Eis aqui um belíssimo exemplo de fato social.
           Contudo, fato social ou não, eu me nego a aceitar tranquilamente essa imposição do senso comum. O que esse senso parece não perceber é que a sua justificativa para tal ato é totalmente infundada, só fazendo sentido na coletividade. Se acredita que reduzindo a maioridade se terá uma sociedade menos criminalizada, já que os jovens infratores serão retirados desta para depois serem ressocializados. O que não se percebe é que colocando jovens infratores na cadeia comum, estas crianças estarão em contato direto com o crime organizado e, portanto, sua iniciação neste se torna muito mais facilitada que em uma casa de correção para menores infratores.
“Depois de dez anos à frente da Fundação Casa, convivendo diariamente com adolescentes [infratores] e estudando cada vez mais o assunto, o que eu posso frisar é que a redução [da maioridade] não vai levar à diminuição da prática de atos infracionais por adolescentes. O consenso de que reduzir a maioridade vai reduzir a criminalidade não é verdadeiro” Afirmação esta feita por Berenice Maria Gianella, presidente da Fundação Casa de São Paulo, em uma entrevista.
            É difícil escapar da consciência coletiva já imposta, o próprio caso que perturba tanto me quarta-feira demonstra isso. O arrebanhamento da sociedade se torna cada vez mais destacado quando se tenta a ir contra ele e talvez, pensando em uma perspectiva mais hegeliana, desse embate de fatos sociais seja sintetizado outro fato social e dessa forma caminha a sociedade, permeada por fatos sociais em combate que a renovam constantemente.
Finalmente, minha quarta-feira não foi tão péssima assim,quem diria que um pouco de reflexão dentro de um ônibus poderia salvar o dia?!

Tiago de Oliveira Macedo- 1º ano Direito diurno- Aula 6

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