quinta-feira, 7 de maio de 2015

Transgênese

A tempos não sou eu mesma. Alterada profundamente em meu cerne. 
Meus inimigos não mais me reconhecem.
Fui  cortada por uma máquina. Separada. Sequestrada.
Não conseguia ver a luz do Sol. Me perguntava sobre ele. Me perguntava sobre o Sol.
Fui trancafiada. Fui despejada.
Rostos pairavam sobre mim. Rostos enormes. 
Sentia o toque do ar quente. Sentia meu medo que crescia e crescia.
Fui triturada. Fui fragmentada.
Meu eu tão irreconhecível achou um novo refúgio. Passei a fazer parte de um novo ser.
Fui liquefeita. Fui dissolvida na vastidão do branco.
Meu eu tão irreconhecível achou um novo refúgio. Passei a fazer parte de um novo ser.

De quem seria a culpa?
Dos financiadores da minha transformação ou daqueles que me transformaram?
Fruto da ciência. 
Fruto da razão?

A tempos não sou eu mesma.
A tempos não sou a soja. 


Isabela Ferreira Sastre
1º ano Direito Diurno
Introdução à Sociologia - Filme: "Ponto de Mutação"

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