quinta-feira, 7 de maio de 2015

Einstein na torre de marfim

   Albert Einstein, certa vez, em carta a um amigo cientista, disse: “Todo nosso progresso tecnológico é como um machado nas mãos de um demente”.Tal carta, com os mesmo dizeres, certamente, poderia ser enviada à cientista Sonia, aquela lá que mora no castelo feudal de Saint Michel, sabe? Pois é, se Einstein a tivesse conhecido nos corredores do castelo, provavelmente, teriam muitas experiências e conhecimentos para compartilhar.
    Porque aquilo condizia muito com o motivo que a fez mudar para aquela ilha. Na qual estava em recesso semipermanente, pois, em um certo momento, cansou de ver todo o seu trabalho e pesquisa serem convertidos em material de guerra. Enquanto sua expectativa era transformar o seu trabalho em uma aplicação na área médica e contribuir, assim, para a cura de muitos enfermos.
   Diante disso, Einstein compreenderia essa angústia acrescentando que havia passado por algo semelhante. Uma vez que, em certa época, esteve envolvido nos estudos da energia nuclear, nos quais desenvolveu o que tinha plena certeza: a enorme quantidade de energia liberada da fissão nuclear de núcleos atômicos. Ao contrário de Sonia, esse renomado cientista tinha uma certa consciência de que tal conhecimento poderia ser utilizado para fins militares. Visto que, tais estudos foram bancados pelo Ministério da defesa americano, o qual estava empenhado no Projeto Manhattan. Só que o inesperado ocorreu: a utilização de bombas atômicas no fim da Segunda Guerra Mundial.
  Isso, além de ir de encontro com seu caráter pacifista, promoveu, em si, um sentimento de culpa profunda. Partindo disso, adotou uma medida mais ativa do que um retiro intelectual, enviou uma carta ao presidente Franklin Roosevelt alertando que os ataques nucleares representariam o fim da humanidade e, também, procurou estimular outras pessoas a fazerem o mesmo. Ademais, segundo sua visão, os esforços mais consideráveis deveriam ser empregados no sentido de que a herança dos cientistas se torne, para a humanidade, não uma catástrofe, mas uma oportunidade.

  Assim, tomada por essas e outras coincidências, Sonia, que, certa vez, ficou comovida ao tomar contato com as consequências da destruição em Hiroshima, convidaria Einstein para passar uns dias com ela na torre de marfim. Pois, apesar do isolamento, ela demonstrava um contentamento demasiado em compartilhar seus conhecimentos com outrem. Ao caminhar pela ilha, então, refletiriam juntos sobre a visão mecanicista de Descartes e como o pensamento ecológico seria mais benéfico para a sociedade como um todo. Também poderia conhecer mais afundo a teoria da relatividade. E, sobretudo, buscariam uma forma para que uma posição moral nunca sucumbisse diante dos progressos técnicos. De forma que outros cientistas não viessem a passar pelo mesmo que eles.


Yasmin Commar Curia
Primeiro ano do Direito- noturno

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