segunda-feira, 20 de abril de 2015

O racionalismo cartesiano como agente enriquecedor.

     Tem-se como lugar-comum no imaginário social a ideia de que vivemos em tempos nebulosos, de confusão mental e perda do halo - conceito desenvolvido por Marx ao se referir à perda da dignidade humana para dar lugar ao homem moderno. O conceito de homem moderno, que nasce junto às revoluções científicas, é um espelho da condição de Descartes, apesar de suas repetidas advertências para que não fosse tomado como modelo ("Mas, não propondo este escrito senão como uma história, ou, se o preferirdes, como uma fábula, na qual, entre alguns exemplos que se podem imitar, encontrar-se-ão talvez também muitos outros que se terá razão de não seguir", Discurso sobre o Método). 
     O erro da crítica ao homem moderno reside na inobservância do caráter revolucionário que a ciência moderna obteve para o bem estar humano e foco exacerbado nos atores que dela se beneficiaram. Engenharia, medicina, tecnologia e economia de mercado são apenas alguns exemplos que, apesar de precederem o surgimento do capitalismo, ganharam sua máxima expressão com a racionalidade sendo colocada como norma na vida do homem moderno. Esta última, a economia de mercado, impulsionou todas as anteriores, sendo a tônica do desenvolvimento do Capital. Tal racionalidade é expressa ao comprarmos o produto de maior custo-benefício, ao decidirmos onde investiremos nosso dinheiro ou nossa profissão. Tais decisões, por ventura, podem se mostrar um pouco irracionais às vezes - sejamos honestos quanto a isso: decisões humanas que regem o bem estar dificilmente conseguem passar pelo crivo do método científico -  porém seus resultados sempre são sólidos e passíveis de quantificação matemática através de um método pré-definido. 
     Descartes, ao rejeitar o conhecimento adquirido através do sentidos, os julgando falhos, fez os primeiros recortes do que hoje compõe o mural do mais alto e primoroso conhecimento, construído sob sólidas bases, livre de dogmas e superstições e maior agente enriquecedor: o conhecimento científico.

Daniel Orpinelli, 1° ano - noturno.

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