domingo, 26 de abril de 2015

Ídolos do Teatro na Filosofia Nazista

Francis Bacon, filósofo clássico inglês, discorre em “Novum Organum”, entre outros conceitos, sobre quatro ídolos bloqueadores da mente humana. Esses ídolos são falsas noções e percepções do mundo que não só obstruem o intelecto humano na busca da verdade, como também são responsáveis pelos erros cometidos pelos homens no estudo científico. Tomando particularmente os ídolos do teatro e, trazendo esse pensamento para a realidade, pode-se identificar esses ídolos na filosofia e nos ideais do antigo regime totalitário nazista.

Segundo Bacon, os ídolos do teatro são abertamente recebidos e incutidos na mente humana por meio de mentiras de um sistema, de uma ideologia. Originam-se dos sistemas filosóficos e das regras fundamentadas em falsas e pervertidas demonstrações por esse sistema ou ideologia e, também, da irrestrita subordinação à autoridade. No contexto em que vivia, o filósofo identifica tais ídolos nas crenças, superstições e principalmente na religião que monopolizava o conhecimento “a tal ponto que os homens que as tentam [as novas filosofias] sujeitam-se a riscos, ao desvalimento de sua fortuna, e, sem nenhum prêmio, expõem-se ao desprezo e ao ódio”, como afirma Bacon.

Semelhantemente, é possível identificar os ídolos do teatro na filosofia do regime nazista, no qual foram difundidos ideais racistas, antissemitas, homofóbicos, xenófobicos e outros ideais malsãos à humanidade, todos perversos e com fundo falso; também tem-se o culto à personalidade de Hitler e uma irrestrita subordinação a sua autoridade. Os ídolos foram incutidos na mente de grande parte do povo alemão da época, deixando-os cegos à verdade e à insanidade dos atos nazistas. Aqueles que contestavam esses ideais sujeitavam-se a riscos e ao ódio como na Idade Moderna, vivida por Bacon.

Portanto, constata-se que mesmo após séculos do diagnóstico baconiano sobre os ídolos da mente humana, nesse caso os ídolos do teatro, eles ainda prevaleceram iludindo as pessoas com filosofias falsas e malsãs. Assim, Bacon aponta a busca da verdade à luz da prova e da experimentação como remédio para os ídolos.

Lucas Camilo Lelis
1º ano - Direito Diurno
Aula 03

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