sexta-feira, 16 de maio de 2014

A teoria durkheimiana

O sociólogo francês Émile Durkheim, juntamente com Max Weber, é considerado pai da sociologia moderna. A teoria durkheimiana pautou-se no estudo daquilo que seria o objeto da sociologia: o fato social, que consistiria em maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder coercitivo. A existência do fato social teria como embasamento a manutenção de um equilíbrio social. Dessa forma, a fuga dos preceitos ditados pelos fatos sociais é seguida por uma reação punitiva, que visa ao restabelecimento da normalidade.
Durkheim também é considerado como o criador da sociologia funcionalista, a qual dita que cada grupo social, bem como cada organização, instituição, corporação e o próprio fato social possuem funções na sociedade, que somente podem ser analisadas tendo em vista suas utilidades, uma vez que a análise da origem deles não é passível de observação imediata.
Todo e qualquer fato social possui sua função, sobretudo no que tange ao equilíbrio da sociedade. Até mesmo o crime, consoante Durkheim possui sua função social, a qual seria a revelação de uma infração a moral que desencadeie uma sanção que sirva de exemplo para as ações de outrem.
Atualmente, assiste-se, no Brasil, ao bombardeio de ocorrências de linchamentos, que chocam a opinião pública, mas que possuem, também, aderência de uma parcela social. Consoante Durkheim também os linchamentos assumem seu papel social, que seria a ação de indivíduos como seres sociais que veem-se cumprindo a função de segurança social, a qual, devidamente, é destinada a um órgão específico, mas, como seu cumprimento por tal é negligenciado, os indivíduos o assumem. Percebe-se, assim, que Durkheim propõe que a explicação de um fato social está contida em outro fato social, mas não em disposições particulares e psicológicas.

É importante colocar que os fatos sociais não seriam fixos, nem mesmo comuns a todas as sociedades, mas sim estariam passíveis a modificações de acordo com as transformações por que passam a sociedade. Além disso, cada sociedade possui seus próprios fatos sociais somente explicáveis naquele determinado contexto, como nos casos dos linchamentos no Brasil.

Nicole Bueno Almeida, Direito Noturno. 

UMA CONQUISTA PARCIAL


Utilizo essa postagem para fazer primeiramente uma colocação pessoal, a qual digo ser relevante, então, por favor, não dê por finda a leitura se procura impessoalidade. Na vez em que tive contato com Durkheim indignei-me com o fato de que não deve ser considerado o individuo, já que os fatos sociais são a ele exteriores, gerais e coercitivos, o que torna toda e qualquer ação individual norteada por uma força maior, que é a social.
No entanto, em um contato posterior fui conquistada por Durkheim, obviamente senhores, essa conquista foi relutante e ainda não se dá por completa, mas ele convenceu-me com o argumento de que: “Um todo não é idêntico à soma de suas partes, ele é alguma coisa cujas propriedades diferem daquelas que apresentam as partes de que é formado” Sendo assim, a visão dos fatos sociais como algo exterior, geral e coercitivo dos indivíduos torna-se possível, porque a sociedade como um todo, um conjunto, tem uma atuação própria, independente das atuações individuais.
Essa adesão se dá, mas ainda permanece uma ressalva, embora o todo atue como todo, pode-se analisar as partes atuantes como partes; ou seja, o individuo sendo um ser adequado menos pela razão que pelos instintos e sentimentos, pode ter sua mente considerada como algo a ser estudado, pela psicologia, psiquiatria e até pelas divagações filosóficas.
E ainda, discordo de Durkheim no sentido de desconsiderar os precedentes históricos para explicar a sociedade, porque podemos ver de forma evidente que o passado se liga ao presente, obviamente em um contexto e com inovações, mas é impossível conceber o momento atual sem levar em conta os acontecimentos anteriores que levaram a essa formação.
Novamente analisando a música Faroeste Caboclo, cujo autor é Renato Russo, vemos que a personagem João de Santo Cristo tem sua vida movida por uma situação por ele presenciada: a morte de seu pai, sendo assim ele “Não entendia como a vida funcionava/Descriminação por causa da sua classe e sua cor”; tanto ele quanto seu pai estavam presentes em uma sociedade excludente, que determina o caminho do branco e o caminho do negro, tal contexto o trazia ódio.
Ele é levado muitas vezes pelas tentações mundanas e também faz escolhas erradas mediante sua historia e trajetória de vida, quando tenta fazer uma opção mais digna é colocado na seguinte situação “E Santo Cristo até a morte trabalhava/Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar”. Embora carregasse sua vontades e desejos próprios, acabava por ser levado e corrompido pelo meio, e pela desigualdade social, chegando inclusive a não cumprir o que pretendia quando chegou em Brasilia “Ele queria era falar com o presidente/Pra ajudar toda essa gente que só faz sofrer!”


Louise F. de Oliveira Dias
1º ano - Direito Noturno