sábado, 3 de maio de 2014

Sobre Rolezinhos e a Ordem.

                                  
            Quando se passeava pelo Shopping Center Norte há alguns meses atrás não era difícil entender porque ele ficava sempre cheio de fins de semana, era o local preferido de todos, ou assim parecia, o simples fato de ir ao cinema demandava uma boa antecedência, porque a fila de esperava era de duas á três horas, fora o transito no entorno, para alguém do interior aquilo era quase absurdo, nunca fiquei mais que 10 minutos na fila do bom e velho Cine Colombo, mas era o preço a se pagar por estar em uma metrópole.
            Aquelas tardes passariam esquecidas até ser levantado, recentemente em sala de aula o tema do rolezinho, os movimentos de jovens da periferia que vinha até os shoppings centers com seu funk e suas roupas largas para se divertir e tomar os espaços. Eu não entendia muito bem qual o medo dos shoppings, ao ponto de se expedirem liminares fechando os locais aos movimentos, no Center Norte, em todas as vezes que estive, havia pessoas de todas as classes, sem predominância, se via da mesma forma pessoas de terno e gravata e pessoas de chinelo de dedo e regata, e nenhuma olhava de forma preconceituosa ou discriminatória a outra, até pelo ritmo corrido daquela cidade não achava que isso fosse possível, mas enfim, isso é outra história. De qualquer maneira eu sempre vi muitas pessoas que se encaixavam no rolezinho frequentando o mesmo espaço, e para mim era algo natural, não entendia toda a comoção.
            Até o dia em que, para assistir a um filme que não passava no Center Norte, tive que ir a outro shopping, e vivi o movimento do Rolezinho. Ali eu entendi o porquê de toda a comoção. Claro que opiniões diferentes existem, mas se o movimento for realmente o que foi visto ali, creio que ele realmente justificaria todo o medo ao seu redor.
            Não porque são jovens da periferia vindo para o centro da cidade, escutando suas musicas e mostrando seu estilo, isso acontecia normalmente, vivia com isso, mas o fato é que quando isso vira um pretexto para correrias, gritos e olhares nada amistosos em relação a outras pessoas, deixa de ser um movimento que merece toda a consideração, porque invade não o espaço privado do outro, mas sim a própria pessoa do outro, não quero e nem vou entrar no mérito de roubos e etc, isso eu não vi e não me sinto apto a discutir, porque em todo meio e em toda classe há pessoas que destoam.
            E não se deve ter dois pesos e duas medidas, se um grupo de jovens de classe alta faz algo do tipo, deve ser proibido e repreendido da mesma forma, se não prática não o é, é algo que deve ser combatido e mudado, mas justificar que uma coisa é permitida porque alguém a faz e não é punido é, ao meu ver, algo que não cabe.

            O positivismo veria isso como uma ameaça, ou uma violação da ordem, de fato o é, contudo o grande problema do positivismo seria uma imutabilidade dessa ordem, e quando alguém pensar diferente, mesmo que não seja um pensamento totalmente fora do contexto dessa ordem, o pensamento deva ser execrado e jogado no limbo, simplesmente por ser diferente daquela dominante, e dentro da sociedade, há várias ‘’Ordens’’, não somente aquela do estado, não somente aquela da sociedade, mas em cada grupo, em cada time, em cada novela, em cada bairro e em cada sala de aula há uma ordem, e qualquer que seja o posicionamento dela, ter um pensamento que não seja estritamente alinhado com a ordem vigente é algo difícil.

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