segunda-feira, 21 de abril de 2014

Positivismo e o Culto à Ciência

Quando se pensa em ciência é comum que sejam associados a esse conceito certas ideias que expressam valores diversos como a tecnologia, poder, riqueza, inteligência ou até a de uma ferramenta que possui igual potencial de preservar e destruir tudo que conhecemos. No entanto, é necessário ressaltar que esta conceituação é deveras recente; até a década de 1940, não tinha-se noção alguma do potencial do conhecimento científico, porque, somente em 1945, com a detonação de duas bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, foi possível mostrar ao mundo que a ciência poderia dar aos homens coisas que eles nunca antes haviam imaginado.
Se comparada com a história do Homo sapiens, que tem aproximadamente 200 mil anos, a ciência moderna torna-se um fato recentíssimo; apesar de conhecer fenômenos como tempestades e incêndios, o homem que vivia em cavernas pouco se importava em entender tais acontecimentos por não ter motivos para tal ou por não dispor de ferramentas adequadas para fazê-lo. Somente a partir do final do século XVI, através de intelectuais com Newton, Galilei, Descartes e Bacon, que a ciência moderna tomou forma e transformou-se no que hoje chamamos simplesmente de ciência.
O positivismo do filósofo francês Augusto Comte (1798-1857) identificou a ciência como a etapa final no desenvolvimento da humanidade. No livro Curso de Filosofia Positiva, uma palavra, que é repetida várias vezes, e com boa justificativa, no decorrer da obra, ganha destaque - progresso. O progresso pode ser medido apenas quando possui-se meios claros e inequívocos de compará-lo e mensurá-lo, como no caso da tecnologia, onde as técnicas mais refinadas e complexas são as medidas utilizadas para traçar as linhas que separam o rústico do moderno. 
Comte, elaborando a teoria dos três estados, encontra na ciência, que está no terceiro e último estágio desse processo evolutivo, a resposta para todas as dúvidas, criando-se assim, um culto ao conhecimento científico. É possível então enxergar que o positivismo trata a ciência como a ferramenta que trará o progresso para que todos dele possam desfrutar; pregando o culto à humanidade e o altruísmo, tem-se um substituto para todas as velhas crenças que não encaixam-se com o positivismo.
Por fim, Auguste Comte propõe a Sociologia como responsável por unificar o estudo de assuntos relativos ao homem, e por isso seria a mais importante de todas as ciências. Como resultado, o pensamento humano seria preenchido de valores humanos, e todo tipo de progresso seria controlado exclusivamente pelos avanços científicos.

Pedro Neves da Cruz Júnior
Direito - Noturno - 1º Semestre

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