domingo, 20 de abril de 2014

Manual do ser humano

Comte, nascido na França em 1798, foi um filósofo que encarava a sociedade de maneira extremamente mecânica. Para ele, os seres humanos, assim como o restante da natureza, são regidos por leis invariáveis, imutáveis e eternas. Desta forma, seria possível estudar o homem sob a perspectiva uma "física social" cujas leis regem a todos. Baseado nesse pensamento Comte elaborou a Lei dos Três Estados, segundo a qual o espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente pelos estados teológico, metafísico e positivo. Este último seria o ápice da nossa evolução, pois seria regido pelo Positivismo, uma corrente filosófica que visualiza as relações humanas de forma concreta e comprovada. Aquilo que não se encaixa nesses padrões, como quaisquer crenças metafísicas por exemplo, seria desconsiderado.
O Positivismo, enaltecendo as regras fixas de nosso comportamento, pregava a necessidade de se manter a ordem. Para isso, a diferença de classes sociais deveria ser mantida a todo custo, pois só assim haveria progresso. Este progresso visado, entretanto, era apenas econômico. Sob este ponto de vista podemos inferir que o discurso positivista incentivava o fornecimento de condições mínimas de educação e lazer às classes menos abastadas, pois isso não apenas permitiria que elas colaborassem com o progresso da nação como também as distrairia, mantendo o pensamento coletivo afastado de quaisquer ideias revolucionárias que pudessem semear o caos.
Tal forma de pensar se encontra ultrapassada nos dias de hoje, pois sabemos que as relações entre os seres humanos são demasiado complexas para se encaixarem em uma série de regras imutáveis. Ademais, questões metafísicas sempre estarão presentes nas mentes das pessoas e, mesmo que poucas respostas irrefutáveis tenham sido dadas a elas, a reflexão do questionamento é um exercício de extrema importância para o desenvolvimento social e moral da humanidade. Não existe, pois, um manual definitivo sobre como funciona o ser humano.

Laísa Helena Charleaux - 1º ano do direito noturno

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