segunda-feira, 7 de abril de 2014

Eu sou do tamanho que vejo

Eu sou do tamanho do que vejo

Da minha aldeia veio quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso minha aldeia e tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida e mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.

Nas cidades, as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que nosso olhar nos pode dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza e ver.

                                                                       Alberto Caeiro – O Guardador de Rebanhos


Alberto Caeiro é considerado o pai dos heterônimos de Fernando Pessoa. O que o aproxima de Francis Bacon? O empirismo, ou seja, a interpretação do mundo pela experiência, aquilo que é vivido. No decorrer do poema o eu-lirico afirma ser do tamanho daquilo que é capaz de ver, ou seja, do que seus olhos são capazes de medir. A exemplo, ‘Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que nosso olhar nos pode dar,

‘.Bacon critica a ciência como mero exercício da mente, pois acredita que ela não deve ser guiada por si, já que a dedução lógica nem sempre é o correto. Critica também os gregos, acreditando que seus pensamentos não saiam do Mundo das Ideias – ‘Sua sabedoria é farta em palavras, mas estéril de obras’- acreditando também que a ciência ajuda a antecipar o acaso, esperando-se estar pronto quando existir a necessidade. 

Jade Soares Lara, Primeiro Ano - Direito Diurno

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