sábado, 19 de abril de 2014

A Sociologia pela fórmula de Comte

     
      Auguste Comte (1798-1857) foi um filósofo francês, considerado o fundador da Sociologia e do Positivismo. Suas teorias causaram grandes impactos na sociedade da época, e até hoje seus ensinamentos ecoam dúvidas e críticas na contemporaneidade.
      O positivismo desenvolveu e defendeu arduamente a teoria do cientificismo. Tal teoria considera como válidos somente os conhecimentos obtidos através da experimentação científica, e ignora por completo qualquer outro tipo de fonte do saber, como a filosofia, o misticismo e as tradições.
     Como Bacon, Comte também eleva o empirismo como o método confiável e único na busca da verdade. E como Bacon, acredito que Comte cometeu os mesmos erros, sendo demasiado pretensioso em suas afirmações, muitas vezes cercando-se em um mundo imaginário e simples, onde a ciência e os ‘’padrões’’ são imutáveis e infalíveis.
     Ademais muitas afirmações e teorias no mínimo contestáveis, Comte, ao meu ver, comete um erro crasso ao tentar padronizar e definir uma fórmula aplicável a qualquer sociedade entre homens, não importando suas tradições, localização e particularidades. Ora, se os principais teóricos e filósofos culturais defendem que a característica comum a todas as sociedades é justamente a imprevisibilidade de suas relações sociais e modos de organização, então como pode um homem do século XVII definir como estas, sem exceção, devem funcionar para atingir o denominado ‘’progresso’’? - Seriam todas semelhantes em seu desenvolvimento? É claro que não.
      Ao ignorar as particularidades e diversidades relativas a cada sociedade, e acreditar que o Positivismo seria a saída para todas alcançarem o êxito, Comte já começa a demonstrar o teor universalista de seus pensamentos, mostrando-se irredutível mesmo perante diversas contestações e argumentos contrários. Além disso, contraria sua crença no empirismo, afinal, para formular esses conceitos Comte não teve a oportunidade de testá-los, e utilizou somente suas pré noções e juízos de valor já estabelecidos. Talvez tamanha certeza no incerto não tenha surtido bons efeitos em sua consciência, que chegou ao ponto de auto afirmar-se como uma espécie de ‘’papa’’ do positivismo, onde Comte se colocava acima de todos os outros homens em uma cultura universal positiva.
     Particularmente, sou contra qualquer tipo de teoria sobre relações entre humanos que pretenda-se universal. Não existe tal coisa. É claro, relativizar ao extremo, como universalizar, também torna-se perigoso, a medida que pode justificar o injustificável. Deve haver um ‘’meio termo’’, um caminho ainda não posto em prática. Comte não concordaria comigo.

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