domingo, 23 de março de 2014

Dubito, ergo sum.

O homem, em sua condição de ser pensante, esta sempre em busca de explicações acerca de tudo aquilo que ele não entende. É dessa curiosidade persistente que os humanos exploraram terras novas, desenvolveram mitos, criaram tradições. O problema dessa sede de saber é que ela pode ser facilmente saciada com informações nem sempre verdadeiras, graças a coação de toda uma cultura e sociedade.

Muitas vezes, a autoridade de algumas afirmações ditas "verdades" advém da tradição, do tempo e da estima que a sociedade tem por elas. Para o filósofo René Descartes, é preciso duvidar daquilo que não é extensamente avaliado por um processo científico, uma vez que somente um método de avaliação racional pode comprovar a veracidade das coisas. No pensamento do francês, é preciso duvidar até dos próprios sentidos, uma vez que estes também estão sujeitos ao erro, como ocorre com a visão dos Daltônicos ou as sensações experimentadas durante os sonhos.

A dúvida, de fato, revela-se um importante instrumento do homem para compreender melhor o ordenamento das coisas. Sem o questionamento, as sociedades podem fazer valer a ignorância e a violência. A homofobia, por exemplo, fenômeno que tem crescido perigosamente no Brasil, é fruto da ausência da duvida. Não se questionam os grandes líderes, os livros sagrados ou as doutrinas ancestrais: a massa homofóbica aceita como absoluto o discurso de ódio e o reproduz sem refletira respeito da fundamentação deste. Na Alemanha Nazista, a aceitação do povo da superioridade nórdica em relação aos povos semitas e eslavos como uma verdade quase que cientificamente comprovada é que permitiu o terror do Holocausto.

Fica óbvio o quão perigosa pode ser uma "verdade absoluta". Cabe ao homem, como ser pensante, mais do que buscar respostas para suas dúvidas, mas buscar a veracidade dessas respostas. Enquanto duvidar-se das concepções estabelecidas e propor-se a busca de um conhecimento analisado cuidadosamente, a sociedade tenderá ao progresso.

André Luis Sonnemaker Silva - 1º ano Direito diurno - Turma XXXI

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