domingo, 29 de setembro de 2013

Religião e Ordem Econômica: Uma Possível Simbiose.

        É interessante observar como Weber analisa a influência religiosa sobre o complexo de fatos econômicos. Atem-se, na obra em estudo, mais precisamente sobre a influência exercida pela ética protestante. Utiliza como referência um dos mais homens mais notáveis e conhecidos da história dos EUA, Benjamin Franklin, que moldou uma linha de pensamento a qual até hoje recebe aplausos, e que se encontra bem expressa em sua autobiografia. 
        Franklin viveu segundo rígidos conceitos calvinistas, os quais, como se sabe, são voltados a impulsionar ao homem para o trabalho.  Ora, a religião é uma face da natureza humana que irradia seus efeitos fortemente sobre a conduta pessoal. Se molda o homem para uma cultura de trabalho e acumulação, como o faz o calvinismo, vê-se que o aspecto religiosos exerce influência direta e poderosa também sobre a ordem econômica. 
        Exemplo evidente e francamente ilustrativo de tal colocação temos no contraste entre a própria história do desenvolvimento econômico dos EUA frente ao Brasil. Aquele país teve grandes vantagens econômicas advindas do predomínio de uma religião voltada para o trabalho árduo e progresso material, enquanto em nosso país tomou lugar a religião católica, francamente desfavorável a um intenso desenvolvimento econômico, embora isto hoje já não seja tão evidente quanto antes, visto a óbvia diminuição da influência religiosa. Mas, os reflexos de tais diferenças - perniciosas para nós - perduram. Pode-se dizer, por isto, que da relação entre religião e ordem econômica podem advir consequências nefastas ou benéficas para o desenvolvimento de um povo. Quando benéficas, teríamos o que se pode chamar de uma simbiose entre religião e economia, uma em proveito da outra.
        Por outro lado, posta à parte a discussão acerca da manifestação religiosa sobre a esfera econômica, Weber faz uma análise geral acerca daquilo que denomina espírito do capitalismo, o qual, segundo ele, manifestou-se ao longo da história nos mais diversos lugares. Espírito esse que rege-se basicamente pela auri sacra fames, tão evidente antes quanto hoje. Quer dizer, o homem, em todos os tempos, sempre orientou-se no sentido de acumular, até porque, numa análise mais biológica do que econômica, toda forma de vida é irresistivelmente apegada ao impulso de sobreviver, e o homem, desde o momento em que nasce, percebe que a matéria lhe proporciona viver. Sendo assim, por instinto, acumula.
        Entretanto, e Weber nota isto, ao fazer certo contraste entre o tradicionalismo e o capitalismo moderno, este deturpa o sentido de acúmulo material destinado tão somente às necessidades mundanas, porque racionaliza a ordem econômica de tal maneira que o objetivo já não mais é garantir a sobrevivência (e o prazer de viver), mas sim o lucro. Daí surgirem sempre processos destinados a otimizar o trabalho tendo em vista lograr sempre maiores retornos sobre o capital investido, como é próprio da economia moderna.

Marcos Vinícius Canhedo Parra

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