sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Deturpação das armas

Marx e Engels, por meio do Manifesto Comunista, tentam oferecer à classe operária, uma tentativa de compreensão da nova realidade histórica em que esta presenciava: ela deixou de exercer o domínio sobre seu trabalho e passou a submeter-se à força do mercado. Para tais autores, o capitalismo não era apenas um novo modo de produção, mostrou-se como um novo modo de viver, o que atualmente mostra-se mais nítido no capitalismo "evoluído" vigente.
 A ascensão da burguesia acarretou no combate à sociedade feudal e aos seus laços. Significou uma libertação do homem, para Marx esta classe social foi, em seu tempo, uma classe revolucionária, pois emancipou o homem de seus limites físicos, políticos. A sociedade burguesa moderna brotou das ruínas da sociedade feudal e não aboliu o antagonismo de classes, o reforçou, substituiu outras classes e fez emergir novas formas de pressão e luta, assim como a luta de classe entre o proletário que foi coisificado, e a burguesia.
Na obra “Manifesto Comunista” torna-se palpável  as defesas de Marx e Engels em relação à futura queda da burguesia. Para eles, as armas utilizadas pela burguesia para deturpar o feudalismo, hoje se voltam contra ela, pois ela produziu os homens que manejarão tais armas: o proletário. Há um destaque, portanto, para o inevitável fim do domínio da burguesia, pois, para que haja opressão a uma classe é necessário que a classe opressora possua a existência de um “escravo”. Com a diminuição e deturpação contínua das condições da classe proletária, a burguesia torna-se incapaz de continuar sendo classe dominadora, pois não pode assegurar a existência de seu escravo, ela apenas o corrompe.

A burguesia, portanto, emergiu radicalmente, revolucionando tudo à sua volta, “o que era sólido se desmanchou”. Como já expresso, o capitalismo tornou-se uma civilização global, afetando radicalmente o modo de vida das sociedades, e com uma visão cada vez mais expansiva e contínua. Marx, já havia percebido essa necessidade e característica do capitalismo que cria uma nova geração de artefatos a todo instante. Já previa, ademais, a poderosa ética da modernização que engendra o comportamento moderno a partir dessa lógica capital. Nota-se, pois, que a burguesia foi capaz de criar o mundo à sua imagem e semelhança, condicionando padrões, passando a regular todo o agir social. Finalmente, o que Marx não chegou a prever foi a capacidade do capital de engendrar a sociabilização da classe trabalhadora, a influência foi tamanha que infectou a classe operária, e isso é algo cada vez mais visível, portanto, a classe que maneja as armas contra a burguesia está apontando-as para si mesmo.  

Daniela N Corbi - Noturno

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