domingo, 26 de maio de 2013

Apelo aos "Revolucionários Reacionários"

       Para quem está de fora, é difícil imaginar que exista tantos "revolucionários reacionários" dentro de uma (renomada) faculdade de ciências humanas e sociais. Emergindo-se na realidade universitária, pode-se perceber o quanto é ingênuo imaginar o contrário. Contudo, é dificultoso deixar de constatar surpreendente a alta presença de discursos baseados em sentimentalismo e idealismos ao invés de na racionalidade sendo repercutidos perante aqueles que vêm recebendo uma formação científica, numa sociedade com heranças fortíssimas - e profundamente enraizadas - positivistas.
       Como se através do estudo e pesquisa científicos não se fosse possível argumentar a favor das reivindicações e causas defendidas por tais "revolucionários". Através não só de uma metodologia qualquer, mas especialmente daquela defendida pelos cientistas sociais mais aclamados por tais pessoas e que continuam sendo polêmicos cerca de um século depois da divulgação de seus estudos, como Karl Marx e Friedrich Engels.
        Deve-se salientar a não pretensão de se reprimir de qualquer modo através deste texto tal movimento, nem se isso coubesse a ele. Justamente o contrário disso, faz-se apenas uso do direito de defender uma humilde opinião, com intensão de contribuir de algum modo para a construção da síntese da dialética que vê-se sendo apresentada.
        Pode-se observar nos discursos supracitados uma inconsistência do mesmo gênero da constatação do germe do colapso de um sistema econômico na formação dele mesmo - que é a defesa de ideais e medidas "práticas" insustentáveis - quando não impraticáveis - dado o contexto jurídico, normativo, socioeconômico, idealista e cultural que abrange a esfera da universidade pública. Pois esta não é um bolha, não é isolada do resto da sociedade, não tendo a possibilidade de ir completamente contra os valores populares prevalecentes e os interesses privados que dominam toda a massa.
        Acontece que discursos vazios sobre mudança e transformação da sociedade mais contribuem para manutenção da realidade presente, da tese, do que para a construção e defesa da antítese supostamente proposta.
        Se nos tempos de Marx e Engels, em meados do século XIX, o idealismo e a filosofia já não eram mais capazes de explicar os conflitos e a situação social da época, é conflituoso crer que em tempos atuais, na complexidade dos emaranhados sociais consequentes do avanço do capitalismo e da globalização, as soluções para os conflitos vá se concretizar através de constatações da mente posteriormente identificadas na realidade, ao invés de emanarem da realidade para a racionalidade humana.
        Visto que, de ideias vazias, paixões e vontades abstratas o mundo - e principalmente a população brasileira - já estão cheios, pode-se perceber quão fortemente isso influencia na diminuição do dinamismo da sociedade.
         Dito tudo isso, o apelo aqui pretendido consiste fundamentalmente em um pedido a racionalização do sentimentos que levam as pessoas a revoltarem-se e movimentarem-se em busca da transformação da realidade. Não na extinção das ideologias ou paixões, mas no seu afastamento apenas para a possibilidade de maior entendimento e real análise da sociedade, como deveras busca a sociologia. Na compreensão do materialismo dialético teorizado por um dos maiores ídolos da revolução para assim ter maior competência na defesa da antítese da realidade hegemônica, e talvez assim resultar em uma síntese - em uma próxima realidade social - mais próxima de fato daquelas idealizadas.

"Hammer and Sickle", de Andy Warhol, esquerda. "African-American Flag", de David Hammons, centro. "Flag", de Jasper Johns, direita. 

Laís Machado Ribeiro - Diurno

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