domingo, 7 de abril de 2013

Justificação para a rejeição


Prosseguindo com o raciocínio de Descartes e Bacon, Augusto Comte abre, em seu Curso de Filosofia Positiva, o caminho definitivo para a revolução do conhecimento científico, e o rompimento entre os ramos da Filosofia e a até então não existente Sociologia, inicialmente denominada Física Social. Assim como seus predecessores, Comte busca a materialização do conhecimento teórico, aplicado também nas problemáticas sociais.

Primeiramente, ele faz uma divisão entre os estágios necessários do conhecimento humano, em teológico, metafísico e positivo, as quais evoluem segundo uma ordem, e em constante progresso. Os dois primeiros estágios são caracterizados pela dependência de aparatos sobrenaturais para explicações mundanas. No entanto, segundo ele, são essenciais para o início do questionamento e desenvolvimento científico, pois “para entregar-se à observação, nosso espírito precisa duma teoria qualquer”, fazendo combinações e “tirar daí algum fruto”.

No Discurso do Método, Descartes fez grande crítica à tendência do homem prezar o senso comum, pois este seria o que mais facilmente maravilha o intelecto humano, assim como Bacon, no aforismo XLVII do Novum Organum, diz que “o intelecto humano se deixa abalar pelas coisas súbitas” as quais “costumam tomar e inflar a imaginação”. Comte acaba apresentando essa característica humana como causa da fase Teológica e aponta um grande papel para ela, pois centraliza “a importância do homem no universo” e permite que a mente humana se consagre “a penosos trabalhos”.

Além disso, Bacon no aforismo XLVIII diz que o intelecto está sempre agitado em busca de algo, correndo o risco de retroceder. Em relação a esse fato, Comte diz que quando não conhecemos as “causas geradoras dos fenômenos”, “nada mais faríamos então além de recuar a dificuldade”. Essa é a razão pela qual o positivismo defende a elaboração das “leis lógicas” fundamentadas nas “leis gerais”, a partir da análise recíproca dos fenômenos mais amplos e, posteriormente, dos mais restritos.

Finalmente, Comte aplica seu método na organização político-social, efetuando uma divisão funcional entre os membros da sociedade, o que seria, posteriormente para Kelsen, a justificação para eliminação de “anomalias” da sociedade no Direito Positivo. Dessa forma, o positivismo acabou sendo o idealizador no pensamento tecnicista em época de governos ditatoriais, pois é o meio de se justificar o trabalho dos insatisfeitos e revoltados pela chamada “reforma da educação”.
 
Texto aula Comte- Juliane Siscari de Andrade, Direito Diurno.

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