segunda-feira, 8 de abril de 2013

Distopia a ser evitada



Augusto Comte foi um pensador francês que viveu no século XIX, e que propôs o conceito de Positivismo, o estágio final da evolução das sociedades humanas, sendo baseado apenas em dados concretos e cientificamente palpáveis. De acordo com Comte, anteriores ao Positivismo, existem os estados teológicos e metafísicos, que são absolutamente sujeitos à subjetividade de aspectos sobrenaturais, abstratos. No estado positivo a observação dos fenômenos se sobrepõe à imaginação do homem.

O estado positivo da sociedade é um estado social em que preza-se a ordem de maneira estratificada. Comte defende que existem os cidadãos têm papeis sociais designados e que assim deve ser. Não deve haver mudança da ordem, e para que isso aconteça, o cidadão deve aceitar sua condição como engrenagem vital para o sistema, ainda que sua posição não seja das mais nobres.

Inúmeras políticas positivistas foram implementadas ao redor do mundo, inclusive no Brasil durante a ditadura de Vargas, como forma manter a ordem e evitar conflitos sociais oriundos de insatisfações por parte das classes menos favorecidas. O livro Admirável Mundo Novo, do americano Aldous Huxley, foi escrito na primeira metade do século XX, quando essas políticas eram mais utilizadas, e conta a história de uma distopia absolutamente positivista, retratando uma sociedade em que a ordem atingiu níveis inimagináveis para a sociedade atual, mas em que as pessoas perderam toda e qualquer humanidade. As castas mais baixas, por exemplo, não são apenas contidas em sua condição, mas absolutamente felizes por desempenharem seu papel e não almejam outras funções. A crítica que o livro apresenta é a que se vale a pena sacrificar aspectos humanos da sociedade em prol de um mecânico e vazio bem estar social geral.

Atualmente, políticas de aspecto positivista são menos comuns, mas ainda presentes. Por outro lado, a herança positivista no caráter da sociedade são mais visíveis, como por exemplo a aversão da população estadunidense ao plano de saúde pública implementado por Barack Obama ou a rejeição da nossa própria sociedade às ações afirmativas.

Lucas Omer Severen Surjus, 1º Ano de Direito Diurno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário