quinta-feira, 4 de abril de 2013

As fases necessárias para o desenvolvimento da sociedade e quebra do tradicionalismo

           Iniciando seu curso de filosofia positiva, Comte nos apresenta a existência de três fases da evolução do conhecimento humano: a primeiro momento, temos o estado teológico, caracterizado por ideias e aforismos teóricos que ditam um conhecimento abstrato e sobrenatural; como segunda etapa desse desenvolvimento, temos o estado metafísico que é conhecido por crer em abstrações personificadas responsáveis pelos fenômenos observados da vida mundana; alcançando o ápice do conhecimento, o homem se encontra no terceiro estado, o positivo, quando percebe não conseguir um conhecimento absoluto mas, no entanto, se preocupa em entender a origem dos fenômenos e descobrir suas leis efetivas.
         Comte nos deixa bem explícito, porém, a necessidade da existência das duas primeiras fases do desenvolvimento do pensamento humano. A origem do que seria, mais tarde, a filosofia positiva, se deu a partir de uma opinião, segundo Comte, exagerada a respeito do mundo. Sem essa opinião, os pensadores estariam presos num ciclo vicioso de necessitar de uma teoria para poder observar os fatos, mas, ao mesmo tempo, necessitar desses fatos já observados para formular uma teoria.
         Na atualidade, o positivismo conhecido é carregado de conceitos, algumas vezes, pejorativos, pois, a fim de uma manutenção da ordem, que originaria consequentemente, o progresso da sociedade, os positivistas são tidos como conservadores e ortodoxos. No entanto, apresentada como sua raiz original, a ciência positivista defendida por Comte, tem como essência a defesa do método como forma de obter o distanciamento do observador, este que realiza suas experiências baseadas nos modelos baconiano e cartesiano.
         Dessa maneira, pois, podemos afirmar que Bacon e Descartes são precursores da filosofia positivista, isto é, suas ideias e métodos são concluídos pelo positivismo de Comte. Simultaneamente em que, analisando os métodos dos primeiros, vemos um desejo de ruptura com a filosofia tradicional e com os, segundo Bacon, “muros mentais”, ambos responsáveis por vãs abstrações a respeito da sociedade e raciocínios metafísicos, temos, em Comte, a mesma avidez em mostrar a existência dessa nova filosofia capaz de estudar o real, o útil e o certo da sociedade. 

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