domingo, 10 de março de 2013

O fim das engrenagens



O Discurso do método inaugurou uma nova forma de pensar e agir na sociedade. A partir da dúvida e da desconfiança a evolução aconteceu. Descartes, com sua nova postura, mudou mais em sua época do que em 4 séculos. A ciência, que antes era vista como vaidade de filósofos, astrólogos e alquimistas ganhou um objetivo maior: transformar.  Embora esse método seja usado até hoje, pode se notar que a curiosidade humana está cada dia mais superficial e assim, a mente regride e as engrenagens param.
Por muitos séculos o conhecimento esteve nas mãos da Igreja. Os homens acreditavam na intuição e no transcendental, como por exemplo, o fato de doenças serem castigo de Deus e a compra de um pedaço do céu garantir a salvação. Hoje, ainda que algumas formas religiosas dominem uma minoria com os dogmas, outras formas de alienação cercam a população para que o homem não pense no que está a sua volta e aceite o que lhe é mostrado. Assim, mesmo com o mundo nas pontas dos dedos, a mídia influencia o homem a ponto deste rejeitar o conhecimento.
O homem contemporâneo possui uma sabedoria estéril e mecânica, aprendendo apenas o que é necessário para seu currículo e dificilmente duvidando sobre o que é ensinado. A fragmentação, criada por Descartes, existe, porém seu uso apenas afirma a acomodação do homem ao negar o conhecimento de outras áreas, focando em uma de seu interesse e ainda assim, aceitando mais do que pesquisando. Dessa forma, as inovações são feitas por minorias.
Assim, paradoxalmente, quanto mais mecânico o homem se comporta, menos ele conhece sobre as engrenagens que movem o mundo. Atrevo-me, portanto, a fazer uma nova interpretação sobre o quadro de Salvador Dalí diante da frase de Descartes - “O universo é como um relógio e suas engrenagens”- a partir do momento que negamos a inquietação cartesiana, o conhecimento esvai-se assim como os relógios de Dali derretem.
Giovanna Gomes de Paula.
Direito Noturno.


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