domingo, 24 de março de 2013

“Dominar é Poder”?


                     É impossível analisar a humanidade sem esbarrar na tecnologia e na mecanização.  Afinal, o homem adotou um método de entendimento do mundo que vê esse de forma análoga a uma máquina, e concentra-se em descobrir o funcionamento dessa, prezando por controlar e não compreender especificamente. Porém, esse modelo pode não ser o ideal para daqui em diante e a humanidade tenha que encontrar seu ponto de mutação.
                Historicamente, diversos métodos pregam teorias de entendimento de mundo baseadas na mecanização e especialização excessiva. Desde Descartes, passando por muitos outros, o mundo é visto como um conjunto de engrenagens, e os homens destinam-se a realizar estudos que permitam controlar essas engrenagens, mesmo que isoladamente. Bacon dizia que “saber é poder”, contudo o que se vive na pratica é um “dominar é poder”, pois nem sempre o conhecimento que permite controlar permite entender. São esses os pontos colocados em xeque no filme “Ponto de Mutação” baseado em obra homônima de Fritjof Capra.
                A obra leva a uma reflexão sobre o modelo que a humanidade escolheu como o ideal para atingir seus objetivos. Pode-se concluir que certamente o futuro não é um dos maiores  objetos de atenção dessa metodologia, principalmente no que tange a sustentabilidade. Afinal, destinam-se muitos esforços a um projeto mundial em que desenvolvimento e crescimento financeiro são sinônimos e pouco se faz pelo real desenvolvimento, aquele que vê o homem como um ser único, que deve ser protegido e beneficiado de forma igualitária. Cotidianamente, o homem deixa de ser visto como um ser social e torna-se uma engrenagem, que tal como as outras deve ser dominada.
                Certamente, esse mecanicismo não supre as necessidades dos seres sociais como um conjunto, somente atende a uma pequena parcela altamente ligada ao capital financeiro. Como sugere Capra, é necessário ver um mundo como um sistema, em que tudo está ligado. Não adianta somente dominar, é preciso entender para evoluir de forma coerente e estável. O homem precisa se aliar o meio, deixando de agir de forma exclusivamente dominadora,  para a partir disso criar um modelo de caráter ecológico construtor.
                Por fim, como a própria vida mostra através do corpo humano, mutações são necessárias. O modelo mecanicista que permitiu diversos avanços nesses séculos em que imperou não serve as atuais necessidades. Chegou a hora de repensar desejos e conquistas, analisar o passado, mudar o presente e planejar o futuro. Depois de muito fracionar o conhecimento, deve-se realizar conexões que permitem entender os fios dessa teia imensa que liga tudo aquilo que existe, não se pode mais negar a interdependência das coisas. Realmente, é hora de mutação!

Paulo H. R. Oliveira – Direito Diurno

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