domingo, 10 de março de 2013

Descartes

Descartes aplicado no século XXI


     O homem é um ser racional, o único capaz de criar, transformar aquilo que está a sua volta, através do conhecimento que possui sobre determinado local ou objeto. Durante muitos séculos a busca pelo conhecimento verdadeiro foi assunto de grande relevância para os grandes pensadores do passado. Para o filósofo René Descartes essa busca ocupou considerável período de sua vida, que culminou com um tipo de fórmula criada por ele para, supostamente, auxiliar na busca pelo conhecimento. Sua obra “O discurso do Método” é uma espécie de tutorial para aqueles que desejam racionalizar o pensamento, e assim compreender melhor o mundo e os próprios seres humanos.

     Descartes decide ir contra os métodos tradicionais de estudo da época (século XVII) e ainda jovem decide rever tudo o que julgava certo e revisar minuciosamente suas ideias através de uma prática desenvolvida por ele mesmo para chegar ao conhecimento verdadeiro. Esse método possui alguns pontos em comum com a maneira como a sociedade atual organiza e explora o conhecimento, como por exemplo, a divisão em parcelas de um problema para se chegar a um resultado final.

     As ciências foram divididas e classificadas em diferentes grupos, aparentemente sem conexão entre uns e outros, e estes grupos divididos novamente em subgrupos, e assim por diante. Porém, diferentemente do que propunha Descartes essas parcelas não se somam quando os problemas são resolvidos, gerando uma fragmentação do conhecimento e a consequente alienação de grande parte da população.

     O filósofo também estabelecia como parte fundamental de seu método que todas as ideias deveriam ser metodicamente analisadas e só quando não houvesse mais dúvidas de sua veracidade é que esta seria aceita como verdadeira. Contudo, o que pode ser observado atualmente é que a mídia detém o poder sobre a distribuição das informações. Sobretudo na sociedade brasileira, o que é noticiado na mídia muitas vezes é tido como incontestável, empobrecendo não só a capacidade de análise crítica da população, mas também facilitando problemas como os recorrentes escândalos políticos, uma vez que vários setores da sociedade não se importam, ou não tem esperanças de que a situação possa ser diferente.

     Descartes também afirma que para se chegar ao conhecimento é necessário utilizar apenas a razão e esquecer aspectos que não tenham explicação racional, como a astrologia, alquimia, etc. Contudo, os efeitos de uma sociedade pautada no cientificismo é sentido por nós há algum tempo: altos índices de violência, desigualdade social, suicídios... À medida que o homem perde o seu lado poético ele entra em declínio consigo mesmo e coloca em risco a sobrevivência de sua própria espécie.

     O ser humano é um equilíbrio de forças racionais e emocionais, fadado a viver em grupo, exigir dele que esse equilíbrio seja fortemente deslocado para qualquer um dos dois lados é provocar a longo e médio prazo que a população entre em colapso.

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