segunda-feira, 18 de março de 2013

Ciência ou morte?

"[...]Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) -
Das ciências, das artes, da civilização moderna![...]"
 
("Lisbon revisited [1923]" de Álvaro de Campos, in "Mensagem" de Fernando Pessoa)


       Seguindo o movimento cientificista que chegara na Europa com o Renascimento do século XVI, Francis Bacon pauta sua obra na obtenção e manutenção do conhecimento. Em sua obra máxima “Novum organum”, ou “Um Novo instrumento da ciência”, o britânico, com filosofia utilitarista marcada por verdadeiro culto ao empirismo duradouro, critica duramente filósofos puramente teóricos, coloca em xeque a dialética clássica e, até mesmo, enumera o que considera a “cura da mente humana”.
       Partindo de tais pressupostos, elucidados há não menos que quatro séculos, reflitamos: seríamos, homens, meros conjuntos que podem ser retificados com um “passo a passo”? Criatividade, Espontaneidade, Aforismos simples, estão, portanto, excluídos das ciências humanas?
       Definitivamente, vive-se contexto diferente. Na ebulição das ciências, Bacon busca, no popular, “separar o joio do trigo”; o que pode ser considerado conhecimento cientifico e o que não transcende o senso-comum. Foi um passo importante. Contudo, faz-se difícil a transposição literal de tais ideais no atual âmbito de globalização e verdadeiro sincretismo cultural. Ditos populares, cultura inútil, poetas clássicos e música ocupam o mesmo espaço, até mesmo de forma harmônica.
       Sabemos, hoje, ser pretensão tratarmos sociedade e conhecimento como meros organismos exatos. A loucura da “mente humana” continua sem cura...

Eduardo Matheus Ferreira Lopes, Direito diurno.

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