domingo, 24 de março de 2013

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O filme “Ponto de Mutação” apresenta o diálogo de três personagens, um poeta, um político e uma cientista. Na trama, são discutidos temas relativos ao poder do conhecimento e à crise de percepção, que pode levar os indíviduos a enxergarem as coisas de maneira equivocada e mau utilizarem os conhecimentos inerentes ou adquiridos.
Através da proposta de discussão de um dos personagens - que afirma que o maior problema do ser humano atualmente é um problema de percepção - são apontados muitos problemas relativos à visão estrita do homem, como por exemplo o esgotamento dos recursos naturais em razão da necessidade “legítima” de evolução humana.
Chamou-me a atenção que muito embora os personagens apresentaram argumentos válidos para defender suas teses, eles próprios não são plenamente adeptos de suas visões, uma vez que embora todos defendam a percepção clara como requisito para uma vida proveitosa, todos demonstraram ao longo do filme ter dificuldades de bem conduzir sua vida pessoal, o que deixa claro que eles mesmos não conseguem aproveitar plenamente a boa bagagem intelectual de que são providos.
Desta maneira, enxergo que a percepção apurada do mundo e a noção de responsabilidade do conhecimento que se produz é essencial para o bom funcionamento da sociedade. No entanto, a dificuldade em assimilar as teorias na vivência prática são inerentes a todos os seres humanos, mesmo os intelectuais. De qualquer maneira, da mesma forma que não é possível agir sem refletir sobre as próprias ações, também não é conveniente apenas pensar o mundo, mas também vivê-lo, pois o conhecimento pode funcionar como as engrenagens de um relógio que fazem-no movimentar-se com exatidão; no entanto, o conhecimento que limita-se à teoria é como um relógio que mantém-se pontual sem ter quem o consulte: funcionará por ninguém.

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