segunda-feira, 11 de março de 2013

As dúvidas e a razão no processo cognitivo


 René Descartes engendrou seu método racionalista a partir de frustrações com outros métodos cognitivos, consequência de sua dúvida constante. Isso é visto, por exemplo, na crítica feita à sua própria educação, proveniente, segundo ele, de letrados que “ficavam confinados em seus gabinetes”, e, por isso, não conheciam a experiência social, além de não se preocuparem em se distanciar de seus preconceitos. Karl Marx, em seus estudos sobre a ideologia, também critica o distanciamento dos responsáveis pela criação do conhecimento, mas por achá-los constantemente sujeitos a ânsias que deterioram o nivelamento social.
 Frente a essa primeira frustração, Descartes recorre ao que, no momento, parecia-lhe fundamental ao processo de aprendizagem, o convívio social. No entanto, ao realizar suas pesquisas, deparou-se com alguns preconceitos adquiridos até pela coerção, o que, mais tarde, Émile Durkheim chamaria de Fato Social. Embora a experiência social tenha sido rejeitada como um bom método para se alcançar o conhecimento verdadeiro, hoje vemos a ascensão desse processo pela meritocracia, vista, por exemplo, na mega produção “Quem quer ser um milionário?”, de Simon Beaufoy, na qual a personagem protagonista ganha o prêmio de um milhão de rúpias por relacionar as perguntas de um programa a suas experiências cotidianas.
 Com base nessas frustrações, Descartes passa a enxergar que a razão, motivadora de sua dúvida persistente, é o melhor método cognitivo, já que “não nos sugere que tudo quanto imaginamos seja verdadeiro”. Assim, em “O discurso do método”, Descartes antecipa a grande objeção dos positivistas do século XIX, por tentar distanciar-se de sues próprios preceitos, e, não obstante, lança a ideia de que o que é verdadeiro é evidente e distinto. 

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