domingo, 3 de junho de 2012

O grito social


      Não foram poucos os abusos desferidos pela burguesia ao proletariado: carga horária desumana, condições de trabalho deveras precárias e salário irrisório são exemplos consistentes. Além disso, o proletariado passava gradativamente por um processo de divisão do trabalho, aos poucos, tornava-se cada vez mais limitado como que sucumbindo a amarras e vendas. A sociedade transformara-se num paradoxo maldoso: uma parcela minúscula e ociosa da sociedade gozava de riquezas enquanto a parcela majoritária se caracterizava por trabalhadores que sofriam na penúria.
     Como é costumeiro na história humana, uma situação de extrema injustiça leva a pensamentos, ideias e revoltas. A problemática do abuso da burguesia não teve fim diferente. Surge o socialismo, vertente que visava  ao fim dessa tirania econômica e pregava a igualdade entre os homens. Inicialmente, foi considerado utópico, pois, seus defensores, ainda que mostrassem uma sociedade ideal, não apontavam meios para que tal sociedade se concretizasse; a posteriori, passa a receber um caráter científico proposto por Marx e Engels, assim, o socialismo, ao invés de simplesmente descrever a situação ideal de sociedade, procura entender a dinâmica do capitalismo para, dessa forma, poder sobrepujá-lo.
      Mais importante do que conceituar o socialismo, entretanto, é saber que tal pensamento não surgiu por simples bel-prazer e sim pela extrema necessidade de se superar um sistema econômico opressor. Dessa forma, o socialismo deve ser considerado como o grito desesperado de uma sociedade infeliz, a flor que desabrochava em meio à miséria, injustiça e todo o negrume do capitalismo propiciando ao povo uma esperança revolucionária.
    

Sono onírico

No início do século XIX emergiram na Europa diversos pensadores que tinham uma proposta de socialismo pautado nas ideias, que pretendiam socializar a riqueza, e receberam o nome de socialistas utópicos. Uma percepção nova, porém, impossível, já que não davam uma maneira de se chegar ao idealizado, e nunca haveria um acordo entra a burguesia e o proletariado; essas ideias eram tão luminosas quanto as iluministas, que, segundo Engels, foram importantes para a autonomia dos homens, porém a ideia de liberdade restringia-se ao mercado, e assim novas amarras aparecem, as amarras do mercado.
O capitalismo surge global e complexo, falar de capitalismo é absurdamente atual, e afetou a vida dos homens de tal forma que os levou a pensar de uma maneira diferente. Engels foi o primeiro a acabar com essa sistematização e compreensão superficial e traz uma ideia socialista de exercício da compreensão da realidade social, é necessário mais do que boa vontade e ideias, como podemos perceber nas nossas experiências cotidianas, as coisas não acontecem sem que hajam condições para elas acontecerem, deve haver uma reflexão profunda, complexa e refinada, e por isso Engels inaugura o socialismo científico, que era pautado no real.
Para chegar, então, ao desejável, seria necessário um novo método de construção do socialismo, o materialismo dialético, o qual não se encontra fora da nossa realidade e sim é uma ferramenta para a interpretação desta. O materialismo desvenda o desenvolvimento histórico, e é justamente o material que nos caracteriza, e sem nossas características não existimos; a dialética traz consigo as contradições, nascendo assim uma ciência que faz avaliações para o futuro a partir do presente, não enxergando as partes, sem rupturas. Sempre houve afirmações (teses) e negações (antíteses), mas é no capitalismo que as antíteses acontecem mais expressivamente, e toda síntese tornar-se-á uma tese, pois ela vai ser contestada, gerando, assim, um ciclo. 
O que caracteriza todas as passagens históricas são as lutas de classe, sendo essa a principal lei histórica existente, e portanto a maneira de se chegar ao socialismo científico, o qual, para Engels e Marx, seria inevitável. Na verdade, as ideias socialistas trouxeram consigo, primeiramente, um momento de euforia, como podemos notar na "Primavera dos Povos", que teve forte influência das ideias sociais, mas que foi seguido por um sono onírico.

Uma questão de prioridades

       Assim como as máquinas contemporâneas à Marx eram um dos grandes tópicos sociais, hoje a tecnologia é uma das maiores engrenagens de toda a economia, de todo o mundo. O avanço tecnológico pode englobar áreas como, saúde, educação entretenimento etc. Para tanto, torna-se ferramenta fundamental na resolução de problemas básicos da população. 
        Alia-se então aos diversos aspectos sociais o capital, já que este de uma forma ou outra manipula o desenvolvimento tecnológico e dá base ä estrutura social. Para a análise da relação entre capital e ciência partindo da interpretação marxista, é necessário primeiro considerar que este era um filósofo e não um economista. Sua visão era muito mais teórica do que prática, destacando-se durante a obra o conceito da alienação. A alienação do trabalhador com relação ao fruto do seu trabalho e ao próprio trabalho mostra-se constante nao apenas no trabalho braçal, mas também no intelectual, devido a mecanização dos processos. Perde-se a noção de uma alteração não apenas física e exterior, mas uma interior, a que transforma o transformador, conceito já antecipado por Marx, mesmo que apenas para o trabalho físico e não para o intelectual. 
       Outro ponto interessante que vale a pena ressaltar é análise das ciências. Partindo do princípio que a ciência engloba tanto o campo das exatas e biológicas como da humanas, podemos afirmar que elas se moldam pelo capital investido. Um exemplo é o investimento das pesquisas voltadas para a área da medicina e estética: a aplicação do capital em serviços voltados para produtos e cirurgias que prometem beleza e rejuvenescimento é muito maior que a aplicação do capital na investigação da cura de certas doenças como chagas, que acomete pessoas de baixa renda. 
            A grande dialética é que se o Estado pouco se intervém, a sociedade fica a mercê das decisões de empresas transnacionais, e, se o Estado muito se inervem, acaba degenerando-se por excesso de poder e transfigurando uma intenção de auxilio social em ferramenta de manipulação da classe que detêm o poder. Há, além disso, o problema de que os investimentos privados apresentam resultados mais imediatos, efetivos -mas dependem da decisão de mercado - e com excelência, já que estimulam os profissionais com prêmios e também criam uma instabilidade devido a competitividade, o que não acontece nos investimentos públicos, permeados por nepotismos e morosidade, mas que também tem uma prioridade social, não apenas comercial. Cuba, por exemplo, é um país socialista, de regime autoritário que possui ótimos investimentos educacionais de origem estatal, possibilitando, assim, que a medicina seja uma das mais avançadas do mundo. Mas resta a dúvida: há a possibilidade de se ter o assistencialismo cubano com o desenvolvimento tecnológico e a liberdade dos paises capitalistas?
 


Anna Carolina Kuusberg 
Camila Bastos 
Fernanda Marcondes 
Karine Hungaro Cunha 
Mariana Moretti 
Rafaella Salomão

Do socialismo utópico ao presente


                Com o florescer da revolução industrial tem início o processo de melhor definição entre o trabalhador e o detentor do meio de produção, tendo como fundo a quantidade de problemas nas condições básicas no trabalho e vida da nova, porém numerosa, classe do proletariado europeu.
                Frente a essa nova realidade, muitos pensadores como o francês Saint-Simon e o inglês Robert Owen, começaram a elaborar ideias sobre o modelo de uma sociedade mais justa, em relação a propriedade, a economia e a situação do trabalhador em geral, um modelo com o nome de socialismo. Esses pensadores viriam a ser chamados de “socialistas utópicos” por Karl Marx e Engels, este em  que através de sua obra, “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, buscavam desvincular e mostras as diferenças entre o socialismo científico, exposto pelos dois, e o socialismo utópico.
                Na obra, existe a imposição do autor sobre os motivos que devem ser esclarecidos para a superação do socialismo utópico pelo científico, que por esta característica a qual lhe da nome, deve seguir um certo rigor, evidenciado na analise histórica, política e econômica da sociedade por parte dos socialistas científicos na elaboração dessa nova visão de socialismo.
                Mesmo 132 anos após a sua publicações, essas ideias ainda continuam a ser debatidas, sendo o socialismo como um dos meios para uma sociedade mais justa, fugindo do padrão capitalista, e também da forma de socialismo aplicada na União Soviética, que apesar de garantir diversos avanços sociais, foi pautada por uma intensa política repressiva e violenta por parte do estado.

Já não há tempo para utopias.

    



   Mesmo que paradoxalmente, Frederich Engels, filho de um rico industrial ingles, associa-se com o pensador esquerdista Marx, e dessa associação com traços simbióticos, estende o pensamento marxista solidificando-o e colaborando para edificação do socialismo científico, em contraponto ao fluido e inconstante socialismo utópico.
     Seu pensamento, refiro-me à síntese simbiótica entre os supracitados, transcende o campo da expectativa de melhoras intangíveis e parte da ação como meio efetivo de combate a cada vez mais acentuada divergência social.
    Não há tempo para aguardar melhoras, elas devem ser militadas e alcançadas de maneira labutar. 
    Tomemos os movimentos sociais, bem exemplificados pelo atual e famigerado "Occupy Wall Street", como representações contemporâneas da busca, tida como efetiva, para melhorias sociais. Mesmo que a solução tarde a chegar ou seja, antes de mais nada, abortada brutalmente pelos mantenedores da "equidade social", não estaremos de braços cruzados, aguardando que a exploração se acentue e que um semelhante, vulgo humano, morra de carência de algo que apodrece e se prolifera e aterros alheios.
    Em suma, que tomemos consciência de nossa situação e condição e que dessa tomada, epifânica ou não, construamos um ímpeto de mudança, seja essa agindo positivamente na pacificação e diminuição da, talvez eterna, luta de classes.
 
 
 

O antagonismo do século XXI

     A contradição existente na época da publicação de "Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico", foi a fonte de inspiração para o desenvolvimento da teoria de Friederich Engels nessa obra. Apesar dela datar de 1880, e representar a crítica ao sistema capitalista da época. É possível aplicá-la atualidade, em suas devidas proporções.
     A tecnologia evoluiu de modo surpreendente nesses 130 anos em todos os setores existentes, as fábricas têxteis se transformaram em modernos laboratórios de biotecnologia, entretanto o contraste exorbitante social ainda está presente no sociedade.
     A sociedade pode ter evoluído de maneira geral, mas ainda percebe-se resquícios de um tempo marcado pela divisão social. Os trabalhos insalúbres ainda existem, assim como escravidão e trabalho infantil. Obviamente não é como na época de Engels, trabalho infantil é ilegal, mas ele ainda existe. Há a CLT, mas ainda acontecem abusos em carga horária e salário inaceitáveis. Gerando, assim, uma camada social que fica à margem da sociedade, vivendo em condições inaceitáveis.
     Em contrapartida existe a ínfima parte da população que usufrui dos avanços tecnológicos, que através da "proletarização" de muitos, obtém a qualidade de vida para poucos. A parcela da população que tem acesso a um emprego digno está cada vez meno, devido a fatores como procura por mão de obra especializada e robotização. Como a camada mais baixa já não tem acesso a uma educação de qualidade, não tem acesso a empregos dignos.
     Esse antagonismo está presente de forma marcante. Entretanto as teorias socialistas não causam mais impactos como causaram em 1880 devido a todo processo histórico no qual o socialismo se mostrou impossível de implantar, através do fracasso da URSS. É preciso então não apenas ações filantrópicas, mas sim uma mudança completa na mentalidade humana para que haja uma mudança positiva e real em relação a esse problema.

Da Revolução à Evolução


   O Caminho da dialética, defendido por Engels, é formulado a partir de teses e antíteses, contrapondo-se de forma a criar soluções para os problemas e após isso problematiza-los novamente, garantindo a evolução. Assim o ideal de revolução permanente segue dominado o caráter evolucionista da sociedade.

   As revoluções advêm de ideias, no entanto para Engels uma ideia só tem a capacidade de adquirir caráter revolucionário quando a mesma está atrelada a realidade. Desta forma o materialismo científico por ele proposto buscava encontrar as chaves históricas que movem as revoluções. Na busca por essa ferramenta da evolução Engels conclui que a luta de classes cumpre esse papel revolucionário necessário para a evolução social, atingindo seu auge no socialismo, sendo esse o ápice da evolução humana em sociedade.

   Essa caminhada revolucionária empreendida pela humanidade sempre funcionou como propulsora do desenvolvimento humano e da sociedade, ficando evidente sua importância em revoluções como a francesa e a Gloriosa, nas quais seus ideais acabaram por mudar a sociedade e a forma de controle que agia sobre as mesmas.

   Para Engels o sequencia natural da evolução humana acabaria atingindo o socialismo e com isso o ser humano finalmente abandonaria o “reino da necessidade” e atingiria o “reino da liberdade” tornando se plenamente humano. 




Diante da realidade social  insustentavel, produzida pelo capitalismo, ja era de se esperar a aparicao da indignacao ,com as condicoes de trabalho e de sobrevivencia , gerando um novo “sistema”, o socialismo. No estado absolutista , a revolucao burguesao foi inevitavel e ,pregava criacao e efetivacao dos Direitos do Homem, assim para Engels a revolucao socialista nao poderia ser evitada.Porem, a revolucao burguesa , acabou por reproduzir as mazelas do antigo regime,atraves de novos artificios, cabendoa aqui a ideia de “circulo vicioso” explicado por Fourier.Essa e uma critica tanto de pensadores mais concervadores como Edmund Burke e de pensadores socialistas, ja que os tao “Infaliveis Direitos do Homem” nao pasavam de direitos burgueses. E claro que nao podemos ver apenas o lado pessimista da revolucao francesa, ja que esses mesmos direitos burgueses abriram portas no futuro para o reconhecimento dos direitos humanos e sua devida protecao pelo Estado , em suas varias geracoes e, ate o atual estado democratico de direito; independente dos interesses politicos que se tinha por tras disso.Mas o que me intriga ; mesmo entendendo a visao de proletariado de Engels,de classe emancipadora do homem para conservacao de sua propria existencia; e como sera possivel acabar com desigualdades se e uma classe em si que faz a revolucao, e estando esta  na condicao humana (egoismo), quando chega ao poder, acaba por sobrepor seus interesses  e toma “gosto” pelo Poder, como ocorreu  na revolucao bruguesa.Isso acaba por levar a uma ideia bastante pessimista, mas real, em relacao a perfeicao humana e ao perfeicao do Estado e , que obviamente nao e possivel, mas ao mesmo tempo nao podemos desconsiderar formas, sistemas, pensamentos, que buscam melhorar a condicao humana, mesmo que a efetivacao desse sistemas nao seja completa.
Temos assim, que essas novas formas de analisar a realidade e buscar solucoes para ela, contribui , de certa forma, para que o capitalismo absorvesse suas antiteses, e claro que nao por completo, pois se nao, deixaria este de existir.Produziu uma sintese, mas e justamente ai que novas antiteses aparecem e , essa sintese se tranforma em tese . Trazendo para realidade , temos que muitas melhorias  sociais foram feitas, muitos direitos foram conquistados,o que nao se pode negar , mas a proporcao em que essas melhorias aumentam  para os mais necessitados e evidentemente menor que os beneficos gerados pelo capitalismo aos grandes produtores agricolas, empresarios etc. Assim  a miseria, a fome, a exploracao, os preconceitos , as desigualdades em geral, ainda existem, mesmo que sob novas formas e aspectos, sob novas antiteses. Mas ainda assim caminhamos para uma realidade diferente, com suas mazelas amenizadas,e espero eu , e acho que a maioria, com suas mazelas superadas,mesmo que seja a um passo lento(gostaria que fosse obviamente mais acelerado),seja pelo aparecimento de um novo ciclo capitalista , seja por ideias totalmente inovadoras; mas que esse caminhar nunca para ou cesse por completo.
Jessica Duquini  
*meu teclado nao possui acentos ortograficos



Engels elogia o Iluminismo, pois este rompe com o passado e prega o “reino da razão”. Todavia, como ele próprio diz, “já sabemos, hoje, que esse império da razão não era mais que o império idealizado pela burguesia; que a justiça eterna tomou corpo na justiça burguesa”. Dessa forma, tal corrente é utilizada pela burguesia para acabar com os privilégios de classes, criando contraditoriamente, privilégios para si mesma.
Ao passo que o capitalismo e a indústria se desenvolviam, “ia-se dando a divisão da sociedade em grandes capitalistas e proletários que nada possuem”. Dessa forma, as condições em que viviam a classe subjugada foram se degradando: o proletariado encontrava-se em estado de miséria, submetia-se a uma jornada de trabalho desumana e era uma classe desmoralizada.
Devido às condições em que se encontrava a maior parte da população, surge, primeiramente, o socialismo primitivo, que pregava a destruição das diferenças de classes. No entanto, ele é incompatível com a visão materialista da história, apenas criticando o modo de produção capitalista, sem destruí-lo ideologicamente. Engels tece o seguinte comentário sobre os socialistas utópicos, entre eles Saint-Simom, Charles Fourier e Robert Owen: “Para todos eles, o socialismo é a expressão da verdade absoluta, da razão e da justiça, e é bastante revelá-lo para, graças à sua virtude, conquistar o mundo. E, como a verdade absoluta não está sujeita a condições espaço e de tempo nem ao desenvolvimento histórico da humanidade, só o acaso pode decidir quando e onde essa descoberta se revelará.”.
O socialismo científico surge com Engels, pois ele defendia que este deveria se inserir na realidade, pois somente dessa maneira seria possível produzir uma crítica viável do capitalismo, assim como explicar o seu surgimento e demonstrar a possibilidade de sua superação, como se nota na seguinte passagem: “Desse modo o socialismo já não aparecia como a descoberta casual de tal ou qual intelecto genial, mas como o produto necessário da luta entre as duas classes formadas historicamente: o proletariado e a burguesia. Sua missão já não era elaborar um sistema o mais perfeito possível da sociedade, mas investigar o processo histórico econômico de que, forçosamente, tinham que brotar essas classes e seu conflito, descobrindo os meios para a solução desse conflito na situação econômica assim criada.”.
O socialismo surgiu para tentar corrigir os problemas sociais oriundos do capitalismo. No entanto, tal sistema econômico também apresenta seus entraves. É certo que sua implantação em Cuba, por exemplo, foi de certa forma benéfica para tal país, já que chegou a possuir o melhor sistema de saúde publico e um sistema educacional que abrangia toda a população. Mas, como Hobbes dizia, “o homem é o lobo do homem”, e é ele próprio impede a igualdade entre todos, já que possui uma natureza puramente competitiva. Apesar de a igualdade ser benéfica para a população como um todo, muitos a vêem prejudicial para si mesmos, pois estão de tal forma inseridos na mentalidade capitalista, que entendem que possuir mais do que o próximo e subjugá-lo é única maneira de se beneficiar. 

O percurso do movimento socialista


     O socialismo utópico, primeira vertente do movimento socialista, surgiu no início do século XIX, iniciando-se na França e depois difundindo-se por toda a Europa. Ele nasce em meio à crises provocadas pelo avanço do sistema liberal, visto que a sociedade industrial e as tecnologias cresciam cada vez mais, entretanto, a qualidade de vida do proletariado parecia caminhar na direção contrária. Dentre seus principais idealizadores, encontravam-se Charles Fourier, Henri de Saint-Simon, Robert Owen, entre outros, que defendiam ideias como o combate a qualquer tipo de tradicionalismo, a razão como sendo a medida de tudo, e criticavam fielmente as instituições políticas, a religião, os governos, a ciência e a sociedade. Entretanto, tal movimento não obteve sucesso.
     Mais tarde na história, Friedrich Engels, em seu livro “O materialismo dialético como método científico”, veio criticar o socialismo utópico, participando de uma nova corrente de socialismo, o científico. O autor defendia que o socialismo deveria ser encarado como ciência, e assim, deveria ser encaixado na realidade, contrariando a utopia e a metafísica que caracterizavam o socialismo utópico. Defendia também que o homem mantivesse a visão do todo ao examinar seu objeto de estudo, negando assim a dialética, pois, na sua visão, o isolamento dos componentes do objeto comprometeriam a veracidade dos fatos constatados a partir da sua observação, uma vez que diversos fatores do todo que influenciam tais componentes seriam ignorados.
     Engels também discute, com ênfase, em sua obra, sobre a luta de classes, afirmando que “toda a história é a história da luta de classes”, pois elas definiram os detentores de poder de cada época. Desse modo, o autor encaixa o socialismo como sendo o caminho para a continuidade da história, já que estimularia a luta entre a burguesia, dominante, e o proletariado, instaurando esse último no poder.
     Apesar de tal luta realmente ter ocorrido em alguns lugares, e ter definido o rumo da história, seu final não foi o pretendido pelos socialistas científicos, pois ela também não obteve sucesso. O socialismo ganhou destaque com a União Soviética, onde rendeu bons frutos em alguns tempos, e também na China, por exemplo, porém não conseguiu sobreviver com sucesso em meio a um mundo predominantemente capitalista. 

As máquinas vivem entre nós


Em seu livro "Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico" , Friedrich Engels disserta a respeito de um materialismo dialético posto como método científico e sobre um socialismo existente como uma idéia não aplicável na prática.
Em um dado momento da obra, Engels ainda afirma que o real existiria apenas como uma projeção de certa idéia e que tal fato ocasionaria conexões falsas e artificiais no ramo do cotidiano. No entanto, não seria este fato muito conveniente para determinado grupo social? Ora, manter as pessoas em um mundo de ilusões pode ser muito útil.
No filme Matrix, máquinas demasiadamente complexas utilizam o ser humano como fonte de energia para sua sobrevivência. A referida utilização acontece por meio de uma prisão mental, de um programa chamado Matrix no qual a população vive em uma realidade montada, na época em que as máquinas não eram uma constante.
Parece que as máquinas presentes na produção cinematográfica são, de certa forma, o que hoje denominamos elite dominante, afinal, a classe citada cria por meio de um controle social as obrigações, os sonhos e as condições de vida da maioria das pessoas no mundo, tudo para se perpetuar no poder, é claro.
Quais roupas são dignas de se vestir, que conquistas tornam uma vida significativa ou mesmo a idéia de que é importante trabalhar, tudo isso é pré-estipulado pelo grupo dominador, pelos líderes do capital, ora pois, estes precisam fazer a manutenção do sistema, ou seja, precisam estimular o consumo seja de produtos manufaturados, seja de “pensamentos base” – pensamentos como a noção de que é  válido trabalhar mais horas que o necessário para ganhar mais dinheiro, por exemplo, é um “pensamento base”, afinal de contas, proporciona mais lucro para o empregador e gera o desejo de consumir exageradamente.
Em suma, é essencial que aqueles, assim como Engels, os quais possuem o conhecimento de que idéias não são a solução dos males sociais e que estas podem ludibriar o homem, lembrem-se sempre: As máquinas vivem entre nós e são elas que moldam nossa realidade.



O Trabalhador, sua ferramenta, seu saber


                                         A magnificência dos polegares opostos.
Os primatas próximos do ser humano, cuja inteligência e capacidade de raciocínio surpreendem a muitos, poderiam ter alcançado o patamar de espécie dominante no planeta, mas um pequeno detalhe, na realidade, dois pequenos detalhes impediram a sua evolução: os polegares. Os polegares voltados para o lado interior não possibilitaram a agilidade motora, sendo assim, suas capacidades se tornaram diminutas em relação ao Homo Sapiens, e dessa maneira, nos tornamos os dominantes no território. Mas, como toda benção carrega em si sua maldição, o que foi o membro que possibilitou a dominação do mundo foi também o que sujeitou o homem à escravidão.

A partir do momento em que o saber proveniente da experiência e da vivencia humana serviram como meio de escravizar o mais fraco houve a inversão dos valores humanos, e a máquina se sobrepôs ao homem. O homem deixou de ser humano para ser trabalhador, uma nova classe de seres de polegares opostos que se subestimam ao poder inquestionável de um instrumento acéfalo. E a nova espécie que teve seu poder intelectual reprimido se espalhou pelo mundo todo.

O mercado que domina a nova espécie tornou-se diminuto perante o crescimento dela. O intelecto humano foi tão reprimido que forçou a humanidade a aderir à espécie trabalhadora, deixando de lado a inteligência que lhe havia restado. A maravilhosa máquina biológica que se confina na caixa craniana foi obrigada a se voltar à mecanização inútil.

Olhando a sociedade atual e focalizando no maior aglomerado de humanos no mundo podemos ver quão grande é a transformação do homem em trabalhador. A China, em seu sistema político deveria negar todo tipo de exploração ao homem, mas o capital fala mais alto na hierarquia do poder, e no lugar onde deveria reinar a liberdade, impera a exploração. A fadiga que ela causa sobre os homens já cansados força a transformação deste em trabalhador compulsivo.

Ao final, aquele que usou de seu polegar para domesticar ao mundo foi domesticado por ele. Seu intelecto magnífico foi deturpado, o homem se tornou gorila. A comunicação se dá por grunhidos, as relações se baseiam na força bruta, aquele que detém o respeito é o mais forte. De que adiantou termos os polegares opositores se por vontade própria estamos abaixo dos primatas?


Escrito pelo Grupo 1.
Integrantes: Giovana Branco, Luísa Thomazella, Leandro Bertoldo, Rodolfo Baldissera e Sahid Sekeff

A criança como força de trabalho

Com o surgimento da máquina e a fragmentação do processo de produção perdeu-se a necessidade de conhecimento integral do mesmo. As técnicas e o empenho, antes fundamentais, foram substituídas pela praticidade do sistema industrial, que tornou dispensável o emprego de mão de obra qualificada. É neste contexto, onde a força física não mais era necessária, que surge a inserção da criança como força de trabalho.
A máquina foi lançada a todos os membros da família. Tornou-se então mais barato colocar crianças no meio fabril do que adultos, visto que enquanto um homem ganhava em torno de 45 xelins, três meninos ganhariam de 6 a 8 cada um, ou seja, juntando os três, no máximo 24 xelins. Devido à enorme procura por crianças, essas passaram a ser vistas e tratadas como escravos; existiam anúncios e até leilões de crianças, e os pais, obrigados pela necessidade de sobrevivência e também por desejarem manter seus filhos por perto concordavam com essa situação, sendo que nos casos em que não concordavam, muitas vezes matavam os filhos envenenados para não vê-los sofrer.
Tudo isso pode parecer muito indignante, mas atualmente essa idéia de usar crianças como mercadorias ou forma de ganhar dinheiro continua presente nas famílias. Meninos muito pequenos são vendidos, é exatamente esse o termo, para serem jogadores de futebol, por exemplo. A apresentadora mirim Maísa também trabalha desde os cinco anos em programas da SBT, um caso claro e exposto de trabalho infantil, entre muitos outros, mas que são tolerados pela sociedade e aparentemente não vistos pelo poder público. Existe até um certo orgulho em ver essas crianças expressando sua genialidade tão precocimente, ainda mais porque são também provedoras de recursos para a família. Precisa-se realmente pensar nas consequências desses exemplos nas mentes tão facilmente impressionáveis das outras crianças que assistem à essas subtrações da infância.
Esses exemplos, os antigos e os atuais, são uma demonstração daquilo que é a grande sacada do capitalismo: sua enorme capacidade de adaptação às diversas situações impostas pela evolução da sociedade. Houve, no decorrer da evolução desse sistema, lutas pelos direitos dos trabalhadores e das crianças, de modo que atualmente não é tão comum encontrar, na maioria dos países, menores de 14 anos operando máquinas nas fábricas, mas o trabalho infantil ainda persiste camuflado, ou talvez na verdade ignorado pela grande massa populacional. Apesar da melhora conquistada através das legislações trabalhistas e dos estatutos de menores e adolescentes ao redor do mundo, ainda precisamos acabar com a hipocrisia da sociedade. Aturar crianças famosas nos campos do entretenimento (por exemplo na TV ou nos esportes) trocando sua infância por dinheiro não deixa de ser trabalho infantil porque é bem remunerado ou prestigiado. Uma criança privada de seu tempo livre e de educação pelo trabalho não se desenvolvera de forma saudável, tanto no ponte de vista social como físico.

Escrito pelo Grupo 3: Nathalia Marcelino Vieira, Heloisa Tenello Bretas, Adri Nayane de Souza, Carolina de Rousset e Vicente Videira

Máquina, ferramenta e a relação com o trabalhador


                                                                                                                                             
Marx no livro O Capital explica que todas máquinas são constituídas por potências simples, que seriam mecanismos simples como uma alavanca por exemplo, o parafuso ou um plano inclinado. Ele difere a máquina da ferramenta, a segunda seria movida pela força humana, já a máquina é movida por uma força que não seja a humana, podendo esta ser animal, força da água, do vento e assim por diante. De acordo com essa lógica arado puxado por bois seria uma máquina, já o tear circular inventado por Claussen por ser movido por um trabalhador seria uma ferramenta, mesmo sendo capaz  de fazer 96 mil malhas por minuto.
 Além disso, traz o conceito de máquina- ferramenta. Este seria “um mecanismo que, ao lhe ser transmitido movimento apropriado, realiza com suas ferramentas as mesmas operações que eram antes realizadas pelo trabalhador com ferramentas semelhantes”(MARX, pg 426). Em nossa sociedade atual há fábricas inteiras que operam com máquinas- ferramentas e dessa forma as pessoas não tem que realizar trabalhos arriscados, todavia estamos sendo desde as invenções dessas máquinas- ferramentas substituídos por elas e perdendo espaço no mercado de trabalho. Isso fez com que surgisse na época da revolução industrial o Ludismo, um movimento de revolta contra a mecanização das fábricas, pois com a vinda das máquinas  as pessoas perdiam seus empregos. Entretanto a quebra de máquinas era apenas paliativo, pois o desemprego era estrutural. Hoje as pessoas buscam novas formas de trabalho, ao invés de quebrar as máquinas se aliciam a elas para trabalhar, como o computador uma máquina essencial para inúmeros empregos hoje, se por um lado as máquinas- ferramentas tiram empregos por outro auxiliam e muito algumas profissões, tendo, portanto, dois viés.
John Stuart Mill diz: “É duvidoso que as invenções mecânicas feitas até agora tenham aliviado a labuta diária de algum ser humano”. As máquinas e as ferramentas inventadas não visam aliviar o trabalho do homem, mas sim ampliar a exploração sobre ele, ou seja, aumentar a mais valia.E se para aumentar seus lucros for preciso demitir um funcionário ou três mil, como na charge acima, os burgueses não hesitarão.

A família como força de trabalho

A revolução industrial mudou de forma intensa e irreversível a sociedade inglesa do século XXIX, tanto em questões econômicas quanto em questões sociais. A substituição da manufatura pela maquinofatura revolucionou o instrumento de trabalho, tornando a força muscular, anteriormente fundamental na produção, em algo banal e supérfluo, tornando-se assim possível a incorporação de trabalhadores sem força muscular no mecanismo de produção. 


O ingresso de mulheres e crianças no mundo do trabalho acabou por tornar os vínculos sanguíneos submissos e substituídos pelas necessidades e valores de mercado,  torna-se a principal fonte de trabalho, devido ao menor porte muscular e aos membros mais flexíveis, fundamentais para a operação das máquinas, colocando todos os membros das famílias sob o domínio do capital. A família, com a revolução da indústria e com o advento da maquinaria, perdeu seu valor afetivo e passou a ter um valor propriamente econômico. Isso porque, como ele mesmo diz, “a maquinaria, desde o início, ampliou o material humano de exploração”. A necessidade de uma mão de obra mais abundante e flexível obrigou todos os integrantes da família, e não somente mais o “cabeça da família”, a participar do processo produtivo. Com isso, o próprio conceito de família foi extinto, uma vez que seus integrantes passaram a representar apenas suas respectivas forças de trabalho e não mais representavam uma unidade de convivência afetiva, como assim se esperava. Crianças acabam por se tornar meros instrumentos nas engrenagens do mecanismo de produção, aumentando de forma alarmante os índices de mortalidade infantil. O homem, que antes vendia sua força de trabalho, agora passa a vender sua mulher e filhos.  É fácil julgar o quanto as condições de trabalho eram desumanas, mas o que ocorria era que necessitavam trabalhar para seu sustento, não havia escolha, um dia de trabalho equivalia praticamente a uma refeição.

É muito evidente nos pensamentos de Marx, que a mulher tinha um papel fundamental dentro do lar. Após a substituição da instituição familiar de afetiva para uma comercial, a mulher se afasta do lar. Esse fato vai influenciar na dinâmica em relação as crianças, que passam a ser vistas como mais um integrante para ser alimentado.  Mulheres parindo durante seus turnos não era uma cena que indignava, pelo contrário, era corriqueiro. Não era mais possível uma estrutura familiar, todos trabalhavam durante muitas horas do dia e quando chegavam em casa não havia tempo para afetos e preocupações com o próximo. É nesse contexto que aparecem os infanticídios, abandono de lar e uma total dissincronia do ambiente familiar.

As condições da época eram muito diferentes do que nós conhecemos hoje, não havia direitos trabalhistas, melhor dizendo, praticamente não havia vida para esses operários. Entretanto, apesar dessas transformações terem ocorrido durante o século XXIX, algumas ainda são vigentes na sociedade atual, como é o caso do funcionamento das escolas.
De acordo com a lei fabril emendada de 1844, crianças menores de 14 anos eram obrigadas a passar um determinado período de horas na escola, recebendo assim um certificado que comprovasse o feito. O estado das chamadas escolas era precário, o professor mal sabia ler, a situação era lamentável, havia a falsificação de certificados e havia crianças de várias idades em uma única sala sem nenhuma forma de estudo.

Mais de um século se passou e a situação atual das escolas brasileiras se encontra de forma semelhante as escolas inglesas daquele período. Há falta de livros e de material de ensino, falta de comprometimento por parte dos professores, pois de acordo com a pesquisa realizada pelo Censo
do IBGE, o magistério é a carreira de pior remuneração no país e desinteresse dos alunos, que muitas vezes abusam da violência, ameaçando os professores de modo obter nota e passar de ano, há a expedição de certificados de aprovação dos alunos, mesmo não sendo esses aptos para o proxímo ano, devido ao regime de progressão continuada, recomendado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (lei 9.394, de 1996), no artigo 32, que permite que alunos passem de ano mesmo sem saber ler e escrever.

A revolução industrial revolucionou a sociedade européia do século XXI, trazendo fortes conseqüências para a sociedade atual.

Por Gabriela Costa Frigo de Carvalho, Guilherme Jorge da Silva Gravatim, José Eduardo de Andrade Filho, Lorena Carpinelli Perozzi Brasileiro e Ludmila Zaroni Teixeira
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Duas faces de uma mesma moeda.



Ao refletirmos acerca de sistemas econômico-sociais, deparamo-nos com dois métodos antagônicos: socialismo e capitalismo. O primeiro, com base na classe proletária; o outro, embasado na burguesia. Tais camadas são apenas faces diferentes de uma mesma moeda: a sociedade.
O sistema capitalista, amplamente conhecido, é um exemplo concreto de organização social. A burguesia, detentora dos meios de produção, explorando a classe operária, dona da força de trabalho. Para muitos, um destino inevitável; para outros, motivo para revolução. Marx e Engels defendiam esta última hipótese: a revolução do proletariado.
Tais filósofos defendiam a ideia de um materialismo histórico e, além disso, a dialética. A primeira defende a posição de que a resposta para os males de qualquer época não está nas ideias, mas sim na própria história. Por Marx, “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. A evolução do conhecimento forneceria materiais para esta análise e, consequentemente, proporcionaria o alcance das metas socialistas. Já a dialética marxista demonstraria uma tese, sobre a qual atuaria uma antítese, resultando em uma síntese.
Para Marx, a tese seria a exploração burguesa que, contraposta pelo descontentamento dos proletários (a antítese) acabaria em uma revolução (a síntese), instaurando um regime socialista. Isto também era defendido por Engels, que acreditava ser o Socialismo uma fase incontornável da história.
Por defender um estudo apoiado em fatos concretos, e não somente em ideias abstratas, esse Socialismo ficou conhecido como Científico. A cientificidade deste novo tipo, em contrapartida ao Socialismo Utópico, estaria na busca por leis históricas e contradições inerentes ao capitalismo.
Por fim, um aspecto que demonstraria essa necessidade de revolução seria o conceito de mais valia, resumo de toda a exploração sobre o trabalhador. A valorização dos produtos, apesar de gerar lucros, não era destinada ao dono da força de trabalho, mas sim àquele que possuía os meios de produção (a burguesia).  Nas palavras de Marx, “A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas”.



Cadeia alimentar social

Desde o surgimento da propriedade privada, as lutas entre classes sempre estiveram presentes, mas esta relação vai mais além do imaginado, seriam estes conflitos originados pelo sistema em que o homem está inserido ou próprio da sua natureza? A relação entre a classe dominadora e a oprimida pode ser estendida à teoria de Charles Darwin do mais adaptado ao meio?
Grandes filósofos como Hobbes e Rousseau apresentaram teorias distintas quanto ao ser humano em seu "estado de natureza", onde o primeiro autor afirma que neste estado ocorre a guerra de todos contra todos, "o homem lobo do homem". Já Rousseau apresenta outro aspecto em seu pensamento, a famosa expressão do "bom selvagem", em que no estado de natureza o homem é inocente e busca viver somente com o essencial. Ambas as teorias, apesar de serem opostas, chegam ao pressuposto da necessidade de um contrato social para equilibrar as disparidades que o homem ou a natureza gerou, mas será que depois de instituído este contrato simplesmente a natureza perversa, segundo Hobbes, é cessada?
Um grande exemplo na história está no socialismo utópico que Robert Owen aplicou em Indiana nos Estados Unidos, a sociedade igualitária e idealizada foi supostamente estabelecida pelo seu fundador, mas o ócio e a má vontade, segundo Owen, derrubaram este sistema, seria a igualdade uma inimiga da natureza conquistadora e obsessiva por privilégios do homem?
Com o desenvolvimento do estudo sobre uma sociedade igualitária e o modo de se chegar a ela, obteve-se o socialismo científico.Uma base melhor e definições convincentes, a revolução sendo a chave para o sucesso do método, foi a febre de uma época, espalhou-se por toda a Europa, entretanto a sua aplicação não obteve sucesso como na teoria.A utopia deste sistema é demonstrada pelo instinto selvagem do ser humano, por mais escondido e maquiado que esteja, sempre vai tratar o próximo como um adversário, competidor, esquecendo o lado humano e fixando o evolucionismo, onde haverá o predador e a presa, o explorador e o explorado, mesmo trocando os nomes ao longo do tempo como a burguesia e o proletariado, o senhor feudal e o camponês, as personagens mudam mas a história é a mesma.A cadeia alimentar passa do caráter selvagem para o social.



João Pedro Leite- Direito Noturno