quinta-feira, 26 de abril de 2012

sociedade da pílula mágica


   Augusto Comte, no que diz respeito à filosofia positiva, traz estampado em sua capa aquilo que talvez já houvesse, mesmo que numa versão primária e percursora, sido introduzido por Francis Bacon. É num contexto englobado no século XIX que Comte nega a explicação de um determinado fato a partir de um só princípio, e procura se aplicar não nas causas dos fenômenos, mas em suas leis, que controlam a maneira como serão dirigidos.
   E partindo dessa linha de pensamento podemos fazer muitas reflexões a respeito da nossa sociedade e dos problemas que ela enfrenta. Talvez os problemas de hoje são lacunas de uma linha de pensamento seguida no passado e que, por não terem sido preenchidas, criaram um vácuo social, que se apresenta hoje na forma de um problema. A visão positiva se preocupa em entender e explicar as leis sociais que regem a sociedade, sem problematizar as causas de um dado problema. Assim, é uma visão que deixa um vazio no campo das causas que geram uma situação estudada, seja ela do campo social ou natural.
   Esse vazio presente nessa linha de raciocínio se apresenta numa sociedade que busca a solução imediata dos problemas, a sociedade da pílula mágica, que quer resolver seus problemas de maneira simples e rápida, muitas vezes sem medir as consequencias de seus atos. É assim, por exemplo, que um pesquisador estuda sobre o câncer, compreendendo as reações bioquímicas que acontecem no interior de um tumor cancerígeno, afim de conseguir desenvolver uma substância que, presente nas reações, resolve o problema. Esse pesquisador não se preocupa em entender a causa do câncer, que é uma doença da sociedade, e que se desenvolve junto a esta quase no mesmo ritmo. Talvez se não houvesse aquile vazio inicial na linha de pensamento, esse mesmo pesquisador focaria seus estudos nas causas do câncer na sociedade, e atacaria esses fatores. Cortaria, pelo menos teoricamente, o mal pela raíz. Seriam outros estudos e apresentariam outros resultados, os quais não consigo e nem sei se cabe a mim, definir se seriam melhores ou piores do que os que temos hoje.

Em nome do progresso


O positivismo comtiano, fundamentado na “física social”, na análise da sociedade com vistas a compreender as leis que a regem e a sanar, assim, suas patologias, no estudo unificado das ciências e na manutenção da ordem como pressuposto para o progresso, é geralmente muito criticado por seu conservadorismo, apesar de ter influenciado profundamente diversas ações no âmbito político, não só no Brasil, mas em diversos países.
Num sistema positivista, cada indivíduo deveria resignar-se à sua função, seja ela considerada mais promissora, como a de um médico ou engenheiro, ou mais submissa, como a de um lixeiro, porque todas as funções são igualmente importantes e disso depende a manutenção da ordem social, essencial para o progresso, objetivo de todos.
Com a existência, na história brasileira, de governos de inspiração claramente positivistas, como as ditaduras varguista e militar, surgiram políticas públicas importantes para a sociedade, como a criação dos Ministérios da Saúde e do Trabalho, justamente devido a essa vontade de manter a ordem. Além disso, outras das ideias comtianas parecem muito benéficas, como a reforma da educação visando a romper com o isolamento das ciências e permitindo uma análise mais correta da sociedade e a concepção da solidariedade social.
Entretanto, são ideais que não se consegue aplicar a uma sociedade marcada pela miséria, pela exploração e pela corrupção, porque, fundamentalmente pregam a manutenção do status quo, o fim da mobilidade social, a unificação de ideologias. Como querer preservar a ordem existente quando é premente a necessidade de instituir mudanças profundas? Como considerar cada ser humano simplesmente como parte de um sistema que deve ser preservado, desconsiderando as necessidades e desejos pessoais de cada um, se o que se busca é justamente o bem da sociedade? E como querer que todos acreditem numa só ideologia, quando o maior bem de uma pessoa é sua liberdade de pensamento?
De qualquer maneira, a ideologia positivista é, como toda e qualquer ideologia, detentora de uma beleza muito grande, quando na teoria, mas marcada por diversos problemas na prática, devido à incapacidade que o ser humano tem demonstrado de aplicar integralmente e satisfatoriamente tudo o que pronuncia. Mas como qualquer filosofia que predominar na sociedade tende a ser corrompida, parece mais profícuo desejar a constante mudança, como meio de gerar pequenos benefícios pouco a pouco, do que a manutenção de uma realidade social que nunca vai ser satisfatória para todos.
COMTE NO NOSSO DIA-A-DIA

A filosofia positivista de Comte, iniciada com Bacon e Descartes, propõe uma análise objetiva e imparcial da sociedade como ela é, e não como ela deveria ser. Com as novas exigências da sociedade moderna, vem a necessidade de se ter uma ciência que analise todas essas novas relações socias e os problemas que surgem delas, a isso Comte chamou de "física social".
Mas o positivismo, cujo lema "Ordem e Progresso" stá estampado em nossa bandeira, não esteve presente somente no governo Vargas e na Ditadura Militar. Ele ainda existe hoje, no nosso dia-a-dia, muito embora não queiramos admitir.
Comte afirmava que, para que haja o progresso é preciso cada elemento social estar no seu devido lugar, cumprindo o papel que lhe cabe, e que lhe foi destinado, não havendo possibilidade de tranferência de cargos entre as pessoas.
Realmente, para que a sociedade funcione e progrida é preciso que cada elemento social cumpra seu papel dentro da sociedade. É como se cada setor social fosse uma engrenagem de um grande relógio, assim, o operário é tão importante quanto o dono da fábrica, o gari tão importante quando o empresário, a doméstica tão importante quanto a mádica, e assim por diante, já que cada setor depende do outro, há uma inter-relação entre eles. Mas o problema é que existem cargos melhor remunerados e que proporcionam uma melhor condição de vida do que outros. E somente as pessoas que têm acesso a uma boa educação ou a alguma opurtunidade chegam a esses cargos, ficando os pobres e miseráveis praticamente impossibilitados de alcançá-los. É como se fosse um círculo vicioso: um rico vai dar boa educação para seu filho, que provavelmente será rico; e um pobre quase que certamente não terá condições de proporcionar tal educação ao seu filho, que terá grande chance de ser pobre também. Cada papel na sociedade tem igual importância para seu funcionamento, e a boa execução de cada ofício é fundamental para que haja progresso, mas como eles não são igualmente remunerados e reconhecidos gera a má distribuição de renda e, consequentemente a pobreza, a fome, a miséria e grande parte dos problemas socias enfrentados atualmente.
Por isso, infelizmente, salvo excessões, Comte estava certo ao afirmar que cada um está destinado a cumprir o papel que lhe cabe na sociedade, quase não havendo possibilidade de mudanças drásticas de cargos.

                 Elementos sociais intrínsecos à concepção positiva
A Filosofia positiva, desde sua criação, faz parte da estrutura social. Vários sistemas de governos políticos a adotaram com base teórica, um exemplo foi a ditadura Varguista vivida na primeira metade do século XX no Brasil. Muitas ciências são pautadas na teoria positiva como o próprio direito que através de seus ditames normativos busca sempre a manutenção da ordem.
Problemas sociais enfrentados hoje pela humanidade atualmente, como os miseráveis habitantes dos centros das grandes cidades brasileiras podem ser conceituados como uma patologia de cunho social e que a sociologia intrínseca à física social de Comte tenta achar subsídios para combatê-la.
Há quem diga que a filosofia de Augusto Comte é conservadora, porém se as propostas de Comte forem analisadas mais a fundo é possível perceber que o único ponto conservador de Comte é sua tentativa de se conseguir Ordem e Progresso o que não e suficiente para designá-lo como conservadorista, pois se assim o fosse vários estados também o seriam.
Auguste Comte foi um filósofo francês de grande importância para a sociedade moderna da primeira metade do século XIX, por ser o criador da filosofia positivista, vale ressaltar que suas análises são utilizadas até hoje.
Em sua obra curso de filosofia positiva, Comte apresenta uma base teórica engendrada no empirismo, ou seja, as observações constituem o método de obtenção de conhecimento. A teoria positivista de Comte foi uma continuidade à revolução iniciada por Descartes e Bacon. Para Comte o princípio fundamental de uma sociedade é a promoção da ordem e do progresso.
A partir da análise aqui estabelecida logo percebemos a influência de Comte na construção da sociedade moderna pautada em conceitos adjacentes à concepção positiva de conhecimento. Nosso próprio país carrega em sua bandeira o lema extremamente Comtiano que é Ordem e progresso, ou seja, se formos aqui refletir acerca das inúmeras influências de Comte na sociedade levaríamos muito tempo, pois como já foi dito a sociedade foi e continua sendo pautada em preceitos de Auguste Comte e que norteiam o modo de pensar de seus viventes.

Afonso Marinho Catisti de Andrade

Atrelado ao Contemporâneo

Em sua obra "Novum Organum", Francis Bacon expõe claramente seu conceito sobre a busca pela verdade. Segundo ele a mente deve ser ultilizada juntamente com experiências, ou seja, deve-se submeter os fenômenos a testes para conferir a exatidão destes. Tal prática é conhecida como "Método Indutivo de Bacon", no qual o filósofo discorda das teorias Aristotélicas sobre a dedução a partir de uma ideia universal que não se importa com as observações, valendo-se de silogismos nos quais os resultados eram definidos de modo generalizado e precipitado. Logo, o empirismo de Bacon critica Aristóteles e sua lógica, uma vez que, segundo ele, esta nao acrescenta nada ao indivíduo, portanto a ciência nao pode guiar-se por ela.
Para Bacon todo conhecimento tinha como prioridade ser posto em prática, assim o advento do "Novum Organum" seria o instrumento filosófico para produzir obras que incidissem sobre a vida concreta. Dessa forma, critica, ainda, as diversas ideias que não se tornaram obras, pois para ele a ciência nao deveria ser apenas mero exercício da mente, os fundamentos das ciências devem ser apropriados do lado prático e determinar o lado contemplativo.
Segundo Bacon o homem deveria dominar a natureza e usa-la a seu favor. Tendo-se em vista a realidade contemporânea, podemos dizer que os preceitos de Bacon foram alcançados, uma vez que o homem usufruiu de tal forma dos bens naturais que foi capaz de faze-los escassos. No entanto, torna-se inviavel critica-lo quanto a esse desejo por domar a natureza, visto que seu intuito era sobretudo o benefício do ser humano, além de que, introduzido a seu contexto histórico, as noções de sustentabilidade eram ainda inexistentes.
Por conseguinte, a teoria baconiana fez-se precisa durante a evolução social, pois esteve de acordo com o desenvolvimento de tecnologias que efetivamente melhoraram a condição humana. Atualmente o primordial é a adaptação dos princípios de Bacon ao contexto contemporâneo, no qual destaca-se a preservaçao dos bens naturais e a necessidade de que a ciência se transforme aplicável em aspectos igualitários.

Giovanna Cardassi dos Santos Yarid - Texto sobre Francis Bacon