sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Weber e o "desencantamento do mundo"


Weber afirmava que a sociedade vem sofrendo um constante processo de racionalização, principalmente no campo das relações humanas. No passado, eram comuns os pactos de sangue, sem falar nos tratos firmados oralmente, depositando toda a confiança na palavra do outrem. Confiança essa que tornava possível apenas os relacionamentos entre indivíduos de um mesmo clã ou tribo. Isso também facilitava a coerção sobre o cumprimento desses pactos. Tal pressão era exercida por “meios mágicos”, ou seja, um lado do trato cumpria suas obrigações para não ser, por exemplo, perseguido espiritualmente ou não ser amaldiçoado, prática muito comum antigamente.
 Com o processo de racionalização, as relações entre os indivíduos se modificaram substancialmente. Primeiro, pelo fato delas extravasarem os limites desses grupos sociais, podendo, agora, se estabelecerem com qualquer parte do mundo. A mudança também abrange a própria forma do contrato, que passa a ser mais frio e técnico, principalmente pelo fato de, agora, ser regido pela burocracia. Essa abraçou como função a própria organização do contrato, garantindo também o seu cumprimento. Enfim, esse sistema altamente burocrático e mecanizado garantia a manutenção dessas relações humanas e também a não contaminação dos negócios com qualquer carga valorativa. Esse processo de extrema racionalização, não dando valor ao transcendental, seria denominado pelo autor como o “desencantamento do mundo”.

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