sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A ética protestante salvando o capitalismo e o individualismo



Com a crise no fim da Idade Média nasceu o frágil capitalismo, dotado de grande carga negativa devido ao seu caráter individualista. Certamente contrário ao dogma da Igreja dominante na época, que pregava a solidariedade e a busca de salvação sem se atrelar demasiadamente ao mundo terreno. Porém, no século XVI, veio Lutero com suas 95 teses, e junto com elas, uma Revolução no capitalismo que transformaria substancialmente a forma de ver o capitalismo, e mostraria como este iria reger o mundo pós-revolução protestante.
Max Weber, em seu texto acerca da ética protestante relacionada ao capitalismo, nos mostra que a ânsia por lucro não é o conceito de capitalismo, pois tal anseio sempre esteve presente na maioria dos homens. Porém, no período anterior a reforma protestante, as pessoas sempre viviam com medo de pecar, e a ânsia de lucro encaixava-se em um pecado tão prejudicial quanto de matar algum semelhante e, portanto, não conseguiriam o caminho para a salvação e viveriam a eternidade nas trevas. Mas veio tal reforma, e com ela uma arquitetura quase que perfeita para legitimar a prática capitalista de acúmulo de capital e obtenção de lucro.
Tanto Lutero como Calvino, ao formular teses para a salvação da alma sem colocar o capitalismo como algo que trouxesse um mal, e atrelando, principalmente Calvino, a forma econômica do capitalismo como caminho de salvação, conseguiu modificar o modo como esta forma econômica era vista, e assim, a consolidou como vemos hoje.
A ética protestante, atrelada ao capitalismo e ao racionalismo, fez com que tal modelo econômico conseguisse viger de uma forma tão forte e estabilizada como vivemos atualmente. Ademais, retirando seu caráter pecaminoso e hostil, através de uma visão estritamente racional do modo de funcionamento, como a jurídica, cientifica e contábil, fez com que homens e mulheres não se sentissem condenados a serem pecadores na prática do “capitalismo selvagem” e, mesmo podendo observar tantas mazelas sociais que o alto e puro capitalismo traz, tenham a possibilidade de serem salvas, e assim, voltamos ao individualismo condenado na Idade Média.


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