domingo, 14 de outubro de 2012

Relacionamentos mecânicos

A racionalidade tem sido a engrenagem principal que movimenta as relações do homem com seu igual, do homem com a entidade que o coordena, do homem com o ambiente em que vive, e do homem com aqueles aos quais subestima. Enfaticamente, o homem aparece em todas essas relações, e todas essas relações, constituídas por teor sócio-psicológico, constituem o que denominamos Estado.
O Estado, como entidade reguladora da convivência comum entre homens, vem com a função de regulamentar e estabilizar a tendência racional da atitude do homem, em todos os âmbitos de seu cotidiano. Mantendo o foco no aspecto jurídico regulamentado pelo Estado, podemos dizer que a racionalização promovida pela hierarquia constitucional, pela burocratização estatal, é o que permite o respeito mútuo entre os iguais. Explanando de melhor maneira a afirmação anterior, pode-se dizer que a racionalização, em termos gerais, é o que permite o respeito ao Direito, isto é, quando se estabelece uma situação de causa e consequência, onde cada ação que contraria o acordo social previamente estabelecido terá uma reação de efeito punitivo, encontra-se o estabelecimento da racionalidade e a aceitação desta, pois o senso comum, que é a favor da racionalidade, se tornará favorável à ação tomada pelo estado.
Mas, essa situação de racionalização extrema da convivência do homem com seus iguais nos traz à antiga discussão do abandono do "sentimentalismo". O termo pode parecer dramático, mas a racionalidade pode atingir o ponto onde ela passa a ignorar o sentimento humano e a priorizar apenas o racional, desta maneira, as relações humanas se tornam mecânicas, ignorando a essência do relacionamento interpessoal, que é o sentimento carismático que envolve os seres humanos.
Por fim, apesar de a racionalidade ser extremamente necessária para o mantenimento da ordem e a garantia do respeito à lei, ela é perigosa para as relações interpessoais. O cotidiano moderno já se tornou demasiadamente mecânico, deve-se atentar-se para não permitir que a convivência com os semelhantes também não se mecanize.

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