terça-feira, 11 de setembro de 2012

Solidariedade orgânica ou egoísmo?



É possível diferenciar, em continuação as ideias de Emile Durkheim, dois tipos de solidariedades presentes na sociedade: a mecânica e a orgânica. A primeira, baseada na similaridade entre pessoas e a segunda, por vez, pautada na complementação das funções sociais. Nesta, a diferença se impõe, causando, por vezes, o fortalecimento da sociedade, e não sua fragmentação, como ocorria na anterior.

Desta forma, na solidariedade orgânica, a dependência entre suas partes aumenta na medida em que a divisão do trabalho se multiplica. Em oposição ao Direito repressivo, assumido como forma de fazer justiça anteriormente, utiliza-se do método restitutivo, pelo qual um crime (este, para Durkheim, definido como algo que se opõe ao pensamento coletivo ou à ordem social) tem como pena algo equivalente ao seu valor.

Isso demonstra que cada vez mais a consciência coletiva acerca de diversos temas, inclusive do crime, diminui, criando uma espécie de “mercadoria” que pode ser reposta e não mais punida de forma repressiva. Antes, o que era considerado imoral, agora, por algum preço, pode ser consertado, reconsiderado, como se nunca tivesse acontecido.

Pode-se afirmar que o fato anteriormente citado tem relação com a nova visão de sociedade, na qual a importância do trabalho e, consequentemente, do dinheiro, leva a população pensar primordialmente na restituição do valor perdido, e não em uma punição apenas simbólica.
Além disso, um fato antes tratado como absurdo, é hoje ignorado pela maior parte das massas. Estupros, assassinatos, roubos, são tratados como mais um dado na estatística criminal, e não um feito insensato.

É, por fim, a existência dessa dependência orgânica que produz uma menor consciência coletiva, mas sim ligações diretas. Se algo não te afeta, não tem importância; se não traz lucro, se não traz prejuízo, não existe. E é assim que a sociedade continua: a caminhar para a minimização de absurdos e maximização do insignificante.

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