domingo, 9 de setembro de 2012

Cortem-lhe a cabeça!

     Setembro de 1792, França. A revolta popular pelo fim da monarquia alcança o seu objetivo e a monarquia cai. A passionalidade do povo é tão forte que em 1793 uma personalidade morre, Maria Antonieta é guilhotinada em praça pública. Uma pessoa frívola, cuja vida boemia não a fazia pensar no bem estar do seus súditos. Condenada a morte, o direito penal da época se mostra ríspido, com aqueles que atentaram contra o povo.
     Esse direito penal sem misericórdia ainda se mantem no coração da sociedade. A ideia de corrupção, ou crimes contra a moral, ateiam fogo nas pessoas que cultivam uma raiva, uma vontade de punição. O direito se mantém o mesmo, a sua eficácia que foi abrandada. A sociedade orgânica, na qual o diferente é parte essencial, chega com esse abrandamento. A individualidade de cada um, suas especialidades, ideias e trabalhos se tornam fundamentais para o funcionamento do coletivo; um completa o outro.
     Durkheim, olha esse passado mecânico e teoriza o orgânico para o futuro como uma evolução da sociedade, sem se dar conta que a passionalidade não iria sumir, do contrário, tomaria proporções imensas, a ponto de expulsar mulheres com vestidos curtos, ao som de vais e palavras chulas de locais comuns. Chega-se a um ponto em que devemos tomar cuidado de como nos expressamos, pois qualquer ideia diferente do que o senso comum dita, não é abraçada pela sociedade mecanizada, que já arma guilhotinas e grita ordens de “cortem-lhe a cabeça”.

Murilo Martins

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