segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O criminoso social




Ao fazermos uma breve análise histórica acerca de crimes cometidos por uma pessoa, ou por algum grupo social, que ganharam respaldo de uma parte considerável da sociedade, veremos que o motivo alegado por estas são que estariam fazendo justiça. Em um texto de sua obra, Émile Durkheim discorre sobre o porquê que existe no imaginário social esta noção de “fazer justiça”; em quais fundamentos sociológicos e psicológicos a sociedade baseia-se para se unir contra um mal que as ameaçam como sociedade.
Antes de entrarmos na discussão acerca da “Solidariedade Mecânica” de Durkheim, é preciso tentar entender quais são os motivos que levam uma sociedade, independente do estágio de evolução que estejam, a se organizar para combater algo “esquerdo” em seu núcleo social.
Uma grande parcela de estudiosos da sociedade, particularmente os antropólogos, afirma que o motivo que as pessoas se organizam para formar uma sociedade é pela ideia de que “juntos seremos mais fortes”. Este motivo faz com que pessoas de vidas às vezes completamente diferentes se unam para se autopreservar e assim, mantenham a coesão social. Entretanto, a ideia de crime, de que algo deva ser expurgado, em alguns casos é relativa e depende de determinada época e sociedade, e pode sofrer interferência de quem exerce o poder. Por exemplo, na Idade Média houve inúmeros casos de homicídios de mulheres por serem consideradas bruxas e assim, ameaçarem a ordem, sobretudo religiosa, do período medieval. Além disso, até recentemente no nazismo alemão de Hitler, algumas pessoas tinham a certeza absoluta de que um dos grandes motivos para a não prosperidade alemã seria os judeus, que estariam, como um vírus, prejudicando a funcionalidade do organismo social alemão e era preciso unir-se para destruir esse mal.
Por esses motivos, a sociedade, como forma de preservação da coesão social, se una para curar o “câncer” que se instala para destruir com a ordem estabelecida e assim, arruinar com a paz. Pois se não há garantias de penas para desvios que ameaçam a estabilidade da sociedade, não há motivos para continuarmos vivendo em sociedade e obedecendo a regras morais fixadas na mente de todos nós. 
Durkheim nos faz refletir sobre essa questão da solidariedade social para contra os perigos que elementos da sociedade podem causar na ordem. Ideia essa estabelecida em nosso imaginário como sociedade e que sempre foi presente e faz parte do nosso dia-a-dia. Se depois de lê-lo ainda restam dúvidas sobre esta questão, basta cometermos um desvio banal de comportamento como sociedade que sentiremos, no mínimo, um olhar de reprovação da pessoa ao lado, e você tornar-se-á um criminoso social.

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