domingo, 12 de agosto de 2012


“DIFERENÇAS PROFUNDAS E IGUALDADES SUPERFICIAIS”
 As análises sociais e históricas promovidas por Karl Marx e Friedrich Engels em O Manifesto Comunista, em sua maioria, refletem a realidade. Não só a realidade de sua época como a da época atual. Há ainda, apesar de velada, uma divisão entre opressor e oprimido que caracteriza a evolução histórica. No entanto as previsões suscitadas pelos autores não se concretizaram ou não foram bem sucedidas. Por exemplo, eles defendiam que uma superprodução burguesa levaria à uma polarização entre excessivamente ricos e excessivamente miseráveis o que, por sua vez, faria com que a classe oprimida e pobre realizasse uma revolução comunista. Até houve tal polarização, mas a unidade e universalidade ambicionada pelos comunistas nunca chegaram a ocorrer efetivamente.
Talvez “a classe que carrega o futuro em suas mãos” tenha sim uma potencialidade para revolucionar essa sociedade totalmente desigual e excludente. Todavia, os comunistas subestimaram a capacidade de reciclagem da classe burguesa que se moldou para as mais diferentes situações. Foi capaz de modificar a qualidade de vida cotidiana  dos proletários ( tomarei como aqueles que vendem sua força de trabalho, independente da natureza, podendo ser de intelectual à física e presentes nos dias atuais) para faze-lo calar-se e acostumar-se a sua situação de explorado. Ou seja, o proletário de hoje tem uma vida mais confortável do que a do proletário contemporâneo de  Marx e Engels, possui um poder aquisitivo maior. Contudo, além de escravo do trabalho, ainda é escravo de um mercado que , através de marketing e propagandas, o faz ser incluído em uma sociedade só se possuir poder de compra. O trabalho atual continua a prejudicar negativamente a saúde física e mental de seus “ praticantes”, vide os  diagnósticos de lesões, estresse e depressão que abarrotam os centros médicos diariamente. 
Além da capacidade burguesa de se moldar as diferentes situações para concentrar poder e continuar explorando, é impressionante e notável sua capacidade de capitalizar. Capitalizar o Estado, a sociedade, o Direito, a religião, as produções intelectuais...  enfim apoderar- se como um polvo que lança seus tentáculos em tudo o que possa assegurar a perpetuação de sua esfera de poder. Tomando o Direito como exemplo, vemos que nas Constituições, Códigos, leis em geral há plena interferência dos valores burgueses. Há supervalorização de contratos e superproteção da propriedade privada.
A burguesia e seu capitalismo vestem uma máscara de democracia e liberdade, seduzem com seus produtos, aliciam com seu modo de vida teoricamente perfeito, alienam com sua ideia de civilização. Mas não passam de um sistema podre, excludente, composto por uma minoria que só se interessa em lucrar  e  cujos efeitos podem resultar em fome, doenças e morte. É , os comunistas podem ter errado em suas previsões, mas a intenção de igualar a sociedade dando-lhe condições melhores de vida a maioria, senão a todos junto com suas propostas podem não ser erradas.

Jéssica Thais De Lima

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