segunda-feira, 18 de junho de 2012


Raymond Aron ao explicar Marx assinala que para este o trabalho não consistia mais em uma expressão livre da essência  humana, pois passou a ser um meio de subsistência. E essa alienação do trabalho teria como resultado a ruptura das relações ou das comunicações diretas entre os homens porque entre eles se colocaria um mundo de objetos estranhos- a mercadoria.

Naquela época os homens eram submetidos a trabalhos exaustivos manuais, tinham que seguir o ritmo da máquina e enfrentar horas de trabalhos extensas e para compor o orçamento familiar, todos os integrantes desta tinham que ir à labuta diariamente, pai, mãe, filhos, crianças. Não havia distinção entre eles. Todos eram úteis.

Trazendo a questão para os dias atuais, o trabalho já não se configura como antigamente, as máquinas robôs dominaram o trabalho nas indústrias, alguns estatutos passaram a proteger as crianças e adolescentes da exploração do trabalho, e os pais tiveram que se encaixar em outras formas de trabalho. No entanto, apesar dessas mudanças ele não passou a ser a tal sonhada “livre expressão da essência humana” e nem se tornou menos alienado. Quem pretende formar uma família tem que, antes de tudo, ter um bom emprego que se traduza em bom salário, só que muitas vezes esse “bom emprego” não é o que a pessoa gostaria de exercer, não atende a sua vocação mas supre as necessidades do mercado. Depois da conquista desse bom cargo é hora de escolher o seu parceiro, com quem pretende se casar e formar uma família. Aí entra a questão, não se procura alguém que te complete sentimental e ideologicamente, mas sim alguém bom o suficiente para poder, junto com você, sustentar essa família, proporcionar conforto e segurança financeira. O próximo passo é na educação das crianças, por mais que sejam protegidas por Códigos e Estatutos, desde os primeiros anos de vida  já são introduzidas num mundo em que precisam pensar no que vão ser quando crescer, brincam com jogos que desenvolvam sua capacidade intelectual. São matriculadas em escolas que as treinem para o vestibular, assim podem ingressar em uma boa universidade, sofrer uma nova lavagem cerebral, pois seus únicos objetivos serão ter boas notas para alcançar um excelente emprego para que possam ganhar satisfatoriamente, casar-se com alguém de seu mesmo nível financeiro e formar uma outra família que atenda aos padrões sociais. E esse ciclo se renova a cada geração. Não há tempo para se pensar as contradições de uma sociedade, suas desigualdades e exclusões. E assim as famílias caminham em suas redomas, em seus mundos... Seguem a linha.

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