sábado, 9 de junho de 2012

O pobre cada vez fica mais pobre?


Como tal se percebe no capítulo A Maquinaria e a Indústria Moderna, em O Capital, Marx analisa, criticamente, que o papel da família nas fábricas é essencial para a sobrevivência delas, porém, a junção de cada pessoa que integra a família faz com que ela saia prejudicada. Assim, Marx demonstra com suas sábias palavras que a aquisição da família inteira (quatro pessoas, por exemplo) desvaloriza o valor da força de trabalho do chefe familiar.

De modo a pensar profundamente no papel de todos os componentes de uma família na apropriação dos bens que a sustentarão, é necessário levar em conta o motivo pelo qual era necessário que toda a família trabalhasse num mesmo lugar, para no final, acabarem sendo explorados e engolidos pelo capital. Logo, dá-se a entender que todos esses componentes agiam de modo contraditório, já que eles trabalhavam para conseguir um modo de sobrevivência (no caso, o capital), mas, paralelamente, suprimiam o tempo de lazer, de proveito com a própria família, para trabalhar. À tona, vem a mais-valia, que é o objeto mais valioso do capitalista.

Porém, se a família não se aglomerasse para conseguir sobreviver e adquirir força de trabalho conjuntamente, o que seria dela sem essa dependência do capital? A luta contra a maquinaria já era desumana e injusta, já que, a continuidade das máquinas, diferentemente da inconstância dos humanos, era extremamente vantajosa e proporcionava um lucro maior e transferia um valor maior ao produto. Assim, afirma-se que a instituição familiar não foi e é essencial, como também torna-se um forte agrupamento que possibilitou a afirmação do capitalismo na sociedade.

Logo, nada mais que “possibilitadora” da existência das máquinas, a família enriqueceu os patrões com o estabelecimento da mais-valia, sem ao menos querer tal fato. Entretanto, se pensarmos na aplicação do pensamento de Marx atualmente, chega-se à conclusão de que esse vínculo que a família possuía com a fábrica não existe abundantemente como antes, mas ainda existe, pois, pensando na liberdade que a mulher conquistou ao longo das últimas décadas, ela, automaticamente, não se vincula obrigatoriamente à imagem do chefe de família, o homem. Desse modo, a renda individual se divide e comprime a desproporcionalidade que o capital estabelecia para a força de trabalho.

Portanto, deve-se levar em conta que a família patriarcal, mesmo existindo nos dias de hoje, subsidiava estruturalmente o capitalismo, pois possibilitava o trabalho das mulheres e das crianças nas fábricas. Agora, com o desenvolvimento contínuo do Direito e das leis, é possível colocar a liberdade individual e o merecimento de tal num dos principais patamares sociais, juntamente com o sucesso profissional e econômico.

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