domingo, 20 de maio de 2012


O lado sombrio da consciência coletiva

Existe uma enorme discrepância no que diz respeito a nossa individualidade e ao coletivo. Ao mesmo tempo em que cada indivíduo possui suas peculiaridades e difere de todos os outros seres humanos, a sociedade não deixa de ser uma massa, que opera de forma conjunta e é imputável pelas transformações que ocorrem no seu meio.
Ao longo da história da humanidade, esse sentimento de coletividade, ou a visão do homem como um ser coletivo foi responsável pelos principais acontecimentos históricos, tanto para bem quanto para mal.
Talvez a pessoa que decidiu jogar a bomba nuclear em Hiroshima e Nagasaki, matando assim a milhares de pessoas, não tivesse coragem de matar um indivíduo. Percebe-se assim como a concepção do coletivo pode ser perversa e sombria, ela facilita a quem tem o poder manipular o coletivo e decidir sobre ele com frieza, pois o coletivo exclui a ideia de intimidade e faz com que o conjunto se converta apenas em uma marionete, a qual pode ser movida ao bel-prazer de quem estiver no comando. Tomar decisões no âmbito coletivo é sem dúvidas uma empreitada muito mais fácil do que decidir sobre um único indivíduo.
E essa tendência é ainda facilitada pelo fato de que em qualquer grupo ou sociedade, notam-se formas padronizadas de conduta e pensamento. Padrões éticos, morais, de urbanidade e etiqueta, de concepções políticas e intelectuais caminham de mãos dadas na sociedade. Seguimos um mesmo rumo e qualquer elemento que destoe do todo orgânico é rejeitado e visto como um corpo estranho e prejudicial para manter a ordem do conjunto.
Nesse ponto, podemos então nos perguntar quão livre somos realmente para fazer nossas próprias escolhas. A sociedade já possui seus moldes de comportamento e muito dificilmente um indivíduo conseguirá ir contra esse sistema. O capitalismo, por exemplo, faz com que todos nós sejamos escravos do dinheiro, do trabalho para poder ter um lugar ao Sol e uma vida digna (se bem que essa vida digna é  padronizada na sociedade pelo próprio capitalismo, o famoso “american way of life”). Sendo assim, a sociedade não representa a soma das consciências individuais, mas sim uma única consciência orgânica que se estabelece nas consciências e modo de vida de cada indivíduo, moldando até quando esse indivíduo pode ir com sua liberdade de escolha e seus próprios desejos pessoais. 

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