segunda-feira, 7 de maio de 2012

Durkheim e a Divisão do Trabalho (Alienado)

Alienação é fenômeno da produção social capitalista. É fenômeno único, e intrínseco à este modo de produção, ainda que as experiências socialistas do século XX tenham mostrado que muito provavelmente não é fenômeno exclusivo do modelo de pró desenvolvimento do capital. Se estas constatações e definições que circundam o conceito de alienação são claras e distintas nas mãos dos que tangem as teorias contemporâneas, outros pontos, no entanto, que podem vir a ser aprofundados são absolutamente mais irresolutos. Assim o é com a relação - seja esta qual for - da alienação do trabalhador com a progressiva divisão social do trabalho.Não fica clara na obra de Karl Marx o caráter dessa relação. "O Trabalho Alienado" de "Manuscritos Econômicos e Filosóficos" como sabemos é uma obra cuja realização precede a de sua obra climax (Das Kapital) e embora a sua constituição seja fulcral para a o tom de unidade à obra marxista, certos pontos nela abordados só serão melhor trabalhados n'O Capital.Assim o é com a divisão social do trabalho. Seria esta uma engrenagem no processo da alienação? Ou uma resistência (integrando os trabalhadores em uma classe) ao fenômeno da deslegitimação da união dos trabalhadores?Se nas literaturas marxistas encontramos lacunas para as resposta destas problematizações, podemos ter em Émile Durkheim um porto seguro para a imprecisão conceitual.  O sociólogo francês vai escrever em cima do tema sustentando a ideia de que a forma como o trabalho capitalista se organizou a partir das corporações de ofício na Alta Idade Média transformou os trabalhadores em uma só classe. O sentido uno para a concepção desta classe trabalhadora é crucial para nutrir uma suposta solidariedade orgânica  . Em "Da divisão do trabalho social" (1893) Durkheim aborda a necessidade de se criar esta solidariedade que seria o óleo para a execução da força social deste grupo. Eis a tão procurada (pelos militantes e não pelos teóricos) consciência de classe marxista. Nessa leitura conjunta e complementar das anotações do sociólogo francês à obra do filósofo alemão podemos tirar que muito embora seja lida como uma causa cuja consequência seria a alienação, a divisão social do trabalho se comporta como eixo fundamental para a luta de classes possibilitando avanços fisiológicos para o proletariado ante a proposição desmobilizante do capitalismo. A divisão social do trabalho é crucial para o trabalho não alienado e para a emancipação da classe.Muito embora Durkheim tenha dado uma vestimenta de sistemas fisiológicos na alegoria de um corpo orgânico nota-se a necessidade de se redescobrir essas possibilidades e esses diálogos entre os autores. Se de fato "apertar parafuso" não é uma condição sine qua non para o processo de alienação, qual a sua articulação na produção social de trabalho? Durkheim pode ser portanto uma ferramenta para redescobrir Marx.

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