sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um veículo diferente

    No filme Ponto de Mutação há um debate a respeito dos métodos científicos empregados em determinados intervalos de tempos distintos, fazendo sempre uma comparação entre eles e apresentando as consequencias dos métodos que nos trouxeram até esse momento histórico científico. Diferente seria esse momento se anteriormente houvessem empregado um método distinto do que foi adotado. O filme mostra a diferença clara entre os pensamentos de René Descartes e Francis Bacon.
   Esclarecido isso, é possível refletir a cerca daquilo que nos trouxe até aqui. É algo que em geral não é questionado pelo senso comum. Podemos pensar sobre nosso momento histórico e nosso ambiente. Podemos pensar sobre onde estamos e qual é o contexto. Mas muitos se esquecem de analisar COMO chegamos até aqui e qual foi o veículo utilizado. Graças a quais forças o pensamento hoje se apresente dessa maneira ? Esse tipo de questionamento é apresentado no filme, e diferentes debates nos levam a variadas respostas.
   Se nosso pensamento hoje é dividido em diferentes áreas (exatas, humanas e biológicas) isso se deve a uma maneira de buscar conhecimento que nos fez separar o conhecimento dentro dessas grandes áreas. E mais, se dentro dessas grandes áreas existem áreas menores, como matemática, engenharia, direito, história, medicina, bioquímica, isso também se deve àquela maneira que foi empregada. Se, ao invés disso, tivesse sido empregado um método de abordagem científica diferente, as áreas seriam diferentes, as divisões de pensamento seriam outras. Os agrupamentos de conhecimento seriam outros e consequentemente os agentes empregadores desse conhecimento seriam outros. Em outras palavras, as profissões seriam diferentes. Os profissionais não seriam os mesmo de hoje.
    A cerca desse assunto, pode-se perceber que o método que nos trouxe até aqui é de certa forma afunilador. Estuda-se um grande organismo separando-o em diferentes sistemas, que são separados em diferentes órgãos, que são separados em tecidos e células diferentes. Pode-se ainda estudar cada elemento que compõe esse organismo separadamente, e a partir daí entender como ele funciona no geral. É diferente de analisar esse mesmo organismo numa visão mais contextualista, em que ele faz parte do ambiente e com ele interage, e partir dessas relações estudar o seu funcionamento. Pode parecer estranho, mas hoje o método de abordagem científica poderia ser assim. Não sei se seria melhor ou pior, mas com certeza teria sido necessário um veículo diferente daquele que nos trouxe até aqui.

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