O pensamento racionalista desenvolvido por Descartes e
outros pensadores influencia a maneira como se estrutura a sociedade e,
consequentemente, a política - se considerarmos esta uma consequência da ação
de pessoas de um mesmo meio em criar mecanismos para tentar organizar a sua
vida social – até os dias de hoje. Porém, nota-se que, atualmente, tal
pensamento foi tão valorizado que percebemos uma superespecialização nos
estudos das ciências e uma fragmentação do conhecimento adquirido e do pensamento
produzido.
Diante disso, vemos que os homens não sabem como agir frente
aos problemas para tentar solucioná-los. As decisões tomadas pelos
representantes políticos da atualidade buscam a suposta solução para um
determinado problema, sem analisar o mesmo como parte de um sistema e sem
colocar o homem, também, como apenas mais uma parte de um sistema que envolve todo
e qualquer tipo de sociedade e o meio em que se inserem.
Essa visão sistêmica do mundo é apresentada pela personagem
Sônia Hoffmann no filme “Ponto de Mutação”, frente ao pensamento cartesiano do
personagem Jack Edwards. No filme, a cientista física fala sobre a importância
da necessidade de criarmos uma nova maneira de analisar o mundo, para que,
desse modo, conseguíssemos solucionar os problemas pelos quais nós passamos.
Esse novo modo de pensar o mundo apresentado por ela faz
muito sentido se pensarmos que, além da fragmentação do pensamento derivada da
racionalidade cartesiana, a evolução do sistema capitalista pelo qual o mundo
passou acentuou a individualidade do homem e a busca por interesses próprios,
dificultando ainda mais o desenvolvimento dessa visão de mundo mais ampla e
completa e, por consequência, dificultando a solução dos nossos problemas,
minimizados, apenas, com medidas tomadas a partir de uma análise restrita.
Com tal realidade, pode-se concluir que, assim como Sônia
Hoffmann defende, devemos sempre estar abertos a novas ideias e maneiras de
pensar o mundo, pois, dessa forma, poderemos analisar aquilo que se passa nas nossas
vidas e evoluir enquanto seres vivos e pensantes, sem estarmos escravizados por
apenas uma maneira de pensar, talvez até mesmo ultrapassada, apesar desta já
ter sido muito importante e colocada como certa no contexto da época em que foi
criada.
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