domingo, 18 de março de 2012

Transformações morais do saber – Ciência X Concepções




As horas, dias e anos passam com uma velocidade desnorteante, e assim o mundo vai mudando, assumindo novas formas e cores, acolhendo novas gerações e até espécies, trazendo vida, mas também morte, criando e destruindo. As transformações são naturais, involuntárias e inerentes ao nosso próprio organismo, composição biológica, `a vida, sendo impossível lutar contra isso. Nascemos através do encontro de gametas, que dá origem a um zigoto, e este sofre  consecutivas mitoses até  se  tornar um ser completo;  só este fato demonstra o quanto as modificações fazem parte de nossas vidas, desde a raiz  da vida até seu fim, quando corpos em putrefação se desfazem em matéria orgânica .Ate memo as ciência da matemática, da física e outras, que parecem ter um caráter intensamente estático e exato, estão sempre se renovando e refutando conceitos .  O mesmo ocorre com as nossas opiniões, valores e ideias;  mudam conforme o passar do tempo, adquirem novos aspectos  através da aquisição de novas experiências  e  com a prática da vivência, quando deixam de ser apenas teoria , e adiquirem caráter prático.
Ao analisar alguns trechos da obra de Descartes, percebo o quanto essas transformações estão presentes no seu pensar e,  em extensão, no nosso pensar; pois  a criação de sua filosofia consiste em adotar valores básicos primeiramente , para que posteriormente , se possa trabalhar no desenvolvimento  daquele , através da observação do mundo e da própria contrução de sua filosofia.
Mas o que nos cabe  questionar  é  : Como devemos nos portar  na busca do conhecimento, sem criar uma resistência a essas transformações morais , pois mesmo que a idéia de neutralidade e desvinculação sentimental seja adotada como base no estudo científico moderno, sabemos que, em prática, é muito conflitante conciliar suas próprias convicções à idéias racionalizadas, adotadas como referencial na modernidade. Ao mesmo tempo em que, resistimos em deixar nossas ideias preestabelecidas, por medo de perdermos nossa identidade e nosso “EU”, tememos ser hipócritas e acabar por marginalizados , se distanciando da VERDADE, como se ficassemos cegos por nossas convicções, como que na  ideia de  Nietzsche de que  "As convicções são cárceres.", ou no  mito da caverna de Platao , em que , no caso, nossas convicções seriam as sombras vistas pelos habitantes da caverna, so que para estes,  elas seriam a própria imagem das coisas, e assim acabam por ser  privados do mundo real( da sabedoria). 
Descartes afirma que “não via no mundo nada que continuasse sempre no mesmo estado, e porque, no meu caso particular, como prometia a mim mesmo aperfeiçoar cada vez mais os meus juízos, e de maneira alguma torná-los piores, pensaria cometer grande falta contra o bom senso, se, pelo fato de ter aprovado então alguma coisa, me sentisse na obrigação de tomá-la como boa ainda depois, quando deixasse talvez de sê-lo, ou quando eu parasse de considerá-la tal”. Assim, ao entender a dinâmica do pensar,  consigo ver que nao há necessidade de sentir  culpa, como se estivessemos nos  corrompendo , ao deixar para trás um antigo valor , pois encontramos  um que nos satisfizesse mais , ou porque , com novas percepções,  não o temos  mais por correto. Por não estarmos ligados por um contrato ou algema à esses ideais, não temos obrigações para com eles, estamos assim, livres e abertos para novas visões de mundo, e a novos valores, sendo importante ressaltar aqui a necessidade de utilizar-se  da racionalização para julgar essas novas concepções, antes de torná-las parte nossa , para que , de maneira alguma , nos enganem ou ludibriam.

Jéssica Duquini

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