segunda-feira, 19 de março de 2012

O Discurso do Método


Segundo Descartes ás vezes é preciso seguir opiniões que muitas vezes nos deixam dúvidas por desejar-se tão somente a verdade, considerando que tudo o que passa por nossos sentidos podem ser enganadores como também imagináveis. E que muito de nossos pensamentos que ocorrem quando estamos acordados também ocorrem quando estamos dormindo, sem decidir de fato o que é real e o que é sonho. E que ao mesmo tempo em que considerava tudo falso, questionava ele mesmo ser alguma coisa. Encontrando dessa forma uma verdade sólida e o primeiro princípio da filosofia. Sendo esta incapaz de ser julgada por céticos.
      Ao analisar com atenção supôs que era um ser pensante. Presumiu que ao duvidar da verdade deixava clara a sua existência, a passo que, somente se tivesse parado de pensar não existiria. Sendo ele então um ser que consiste numa natureza e essência de pensar, sem depender de qualquer substância material. Dessa maneira seu eu, ou melhor, sua alma, é completamente distinta do corpo, e que mesmo que nada fosse ele não deixaria de ser o que é.
      Por conseguinte considerou que era necessária uma proposição correta. Para que assim soubesse em que consistia essa certeza.
      Havendo uma reflexão do que duvidava concluiu que não era totalmente perfeito, pois via claramente que conhecer é maior que o próprio duvidar. E tendo em vista tamanha perfeição no que se refere a pensar, duvidou que esta pudesse ser de sua própria natureza. Até se dar conta de que, essa perfeição existia de fato em si por ser falho e não o contrário. Em seu conhecimento admitiu que não fosse o único ser que existia tampouco menos perfeito, mas um mais perfeito, do qual tivesse recebido tudo que possuía. E que assim todas as perfeições que podia perceber eram oriundas de um Ser perfeito, e que esse ser não era ninguém menos que Deus. E que se existissem outros seres que não fossem totalmente perfeitos, mesmo que de outras naturezas, todos deveriam existir de tal maneira que não pudessem subsistir sem Deus.
      Ao considerar que Deus é um Ser perfeito, pensou que o que leva as pessoas a se convencerem de que é difícil conhecê-lo e também em conhecer o que é sua alma, é o fato de estarem presas, habituadas em suas imaginações, que em particular seriam suas coisas materiais, estando assim além de coisas sensíveis da alma. E que isto é evidente pelo fato dos próprios filósofos terem em máxima em seus ensinamentos que nada existe sem ter estado primeiramente nos sentidos. Salvo com isto, mesmo os homens que querem compreender a alma e Deus, se asseguram somente através de seus sentidos. Mas se tudo se origina dele, o homem não poderia presumir qualquer dúvida a existência de Deus.
      E concluiu que, se existem homens que acreditam em astros e na Terra, que estas por serem reais e serem oriundas de Deus, só podem ser verdadeiras. O que torna evidente segundo Descartes, que não causa menos aversão admitir que a falsidade ou a imperfeição se origine de Deus. Depois que o conhecimento de Deus e a alma tenham dado a certeza disso, é fácil compreender que os sonhos que imaginamos quando dormimos não devem levar a duvidar da verdade dos pensamentos que ocorrem quando estamos despertados. Pois não importa que nossos sentidos exteriores possam nos levar a duvidar de idéias distintas que temos em nossos sonhos, pois estes também podem ser enganadores.

Arthur Gouveia Marchesi


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