domingo, 18 de março de 2012

Luz da razão contra as trevas


A obra Discurso do Método de René Descartes soergue-se como um dos pilares básicos da certeza racionalista, em detrimento do amplo obscurantismo difundido pela Santa Inquisição, no qual dizimou e intimidou inúmeros visionários durante o período medieval. A partir de Descartes, o conhecimento supera sua fase contemplativa do mundo, não se limitando mais a ser infrutífero, mas detêm a razão como seu princípio norteador para a verdade. Apesar das premissas cartesianas advirem de 1637, suas inquietações ainda são pertinentes em pleno século XXI, expondo uma explícita ânsia da humanidade para superar suas limitações e não se estagnar frente ao seu progresso.
O método cartesiano proporcionou um grande avanço às diversas áreas do ensino, tanto que foi incorporado pela ciência moderna, que seria a produção de conhecimentos que não se restringissem mais a um poder sobrenatural ou a superstições, mas direcionados pela razão e experiência. Consiste em quatro etapas: nunca aceitar algo como verdadeiro se não aparentar claro e distinto; dividir a problemática ou dúvida o máximo possível; haver uma gradativa análise, iniciando por preceitos mais básicos até atingir os mais complexos; e por último, a certeza de não omissão de nenhum aspecto do que está sendo duvidado. Descartes enfatiza em sucessivas partes de sua obra que a razão implica em vencer as convicções pessoais, logo conhecimentos adquiridos pelo habito deveriam ser desprezados, alcançando-se verdades científicas.
A síntese da obra pode ser resumida na famosa e amplamente conhecida frase: ”Penso, logo existo”. Descartes ao duvidar sobre a veracidade de todo conhecimento que havia adquirido ao logo de sua existência, concluiu que somente poderia ter certeza que duvidava, sob tal premissa desencadeou um raciocínio lógico: se duvidava, então também pensava, e se pensava, intrinsecamente existia. As contribuições cartesianas no âmbito científico foram e continuam sendo imprescindíveis para os diversos avanços do ser humano, pois a partir desse espírito investigativo do autor, a dúvida instaurou-se na humanidade como uma luz que derrota quaisquer trevas que surjam no seu percurso.

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