segunda-feira, 26 de março de 2012

Conhecimento e prática

    Com qual objetivo uma pessoa se prontificaria a estudar e a conhecer a fundo a histologia vegetal? Para que um médico aprenderia a identificar patologias? Para que um sociólogo observaria a sociedade e tentaria interpretá-la? A finalidade de todas essas ações que objetivam a aquisição de conhecimento só tem sentido se for o uso na vida prática. Não há coerência no fato de uma pessoa possuir conhecimento se não for para usá-lo e para ensina-lo a outras pessoas.
  O conhecimento produzido deve apresentar alguma utilidade na prática. No âmbito das ciências naturais e exatas é mais fácil perceber a aplicação prática do conhecimento produzido. Ele está em um manejo melhor do solo, na maior produtividade de um cultivo ou ainda na descoberta de um novo medicamento. Já nas ciências humanas o conhecimento produzido pode e deve ser aplicado á transformação da realidade, mas principalmente na transformação do homem. As descobertas históricas dos hábitos e costumes dos povos de outrora revelam mais sobre a natureza dos homens. Os estudos da sociologia possibilitam ao homem o aprimoramento de suas leis e organizações.
  A história já provou ao homem o quanto de atraso e estagnação o uso do conhecimento numa perspectiva restrita causou. Isto ocorreu na Idade Média quando a Igreja católica deteve a maioria das obras da antiguidade clássica no interior de seus mosteiros. O acesso á essa produção posteriormente despertou o homem para um novo momento: o Renascimento. Nesse momento foram gerados inúmeros avanços, mesmo com a produção da antiguidade restrita á uma pequena parcela da sociedade.
  Posteriormente, no século XVII, momento de preocupação com a ciência, o homem vinculou mais a modificação da natureza á produção científica. Após esse período essa combinação só se intensificou, acelerando ainda mais a transformação do mundo de acordo com as vontades e necessidades exclusivas dos homens. E estes hoje encaram as consequências da excessiva modificação do planeta. Até que ponto o domínio sobre o natural, pregado por Francis Bacon, é condizente com a manutenção da vida no planeta? No ritmo que a humanidade caminha, em poucos séculos os problemas serão de dimensões tão grandes que a vida, inclusive do homem, estará por um fio e não haverá mais a natureza que serviu de objeto aos estudos dos homens.

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