sábado, 24 de março de 2012

”Aplicar é poder"



É sabido que os avanços científicos e tecnológicos nunca foram tão freqüentes e impressionantes, afinal de contas, nanocirurgias, ligas metálicas resistentes à combustão e fissão nuclear já são técnicas dominadas pela sociedade contemporânea. Todavia, apesar do desenvolvimento da engenharia e da medicina – feito muitas vezes de modo agressivo e insustentável, a crítica Baconiana sobre a ausência da aplicação do conhecimento ainda se faz atual no sentido de que o universo das humanidades peca pela falta de concretização.
Em seu livro “Novo Organum”, Francis Bacon disserta sobre a importância de uma ciência a qual produza bens úteis, a qual aplique um conhecimento baseado não apenas na razão, mas na experiência. Vale ressaltar, no entanto que a referida produção teria por finalidade a exploração da natureza em prol do bem-estar social.
Partindo, então, do pressuposto de que o objetivo maior de todo e qualquer aprofundamento teórico é a prática, é possível perceber que há um problema sério relacionado às pesquisas e aos estudos jurídicos ou mesmo filosóficos. Ora, quantas são as pesquisas na área do direito que problematizam uma situação, refletem a respeito de alguma medida auxiliadora e a concretizam efetivamente? E ainda, quantos são os intelectuais que realmente aplicam o conteúdo de suas extensas leituras e acirradas discussões acadêmicas?
Parece que existe uma valorização exagerada da dialética, da fala formal e rica em citações, enquanto que há uma indiferença, ou talvez negligência, para com os desdobramentos da mesma. A impressão também é de que como “saber é poder”, agir de modo individualista, aglomerando e reproduzindo conhecimentos é o bastante, é admirável. Tal fato, por sinal, é surpreendente, uma vez que a intenção do estudo e do desenvolvimento mental é, ou deveria ser a melhora da qualidade de vida da população sob algum aspecto, ou seja, a aplicação concreta da ciência segundo o mencionado autor. 


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