quinta-feira, 15 de março de 2012

375 anos de atualidade.

Analisando o início da conhecida obra de René Descartes (O discurso do método), referência na racionalização das práticas científicas, podemos nos confundir. Aparentemente ele trai seus princípios ao afirmar a existência de Deus por caminhos lógicos. Contudo, em uma análise mais aprofundada, percebemos o concílio entre ciência e religião. Descartes parte do princípio de que não se pode gerar inteligência do nada, ou de algo não inteligente. Adiantando as confirmações práticas, que iriam, por exemplo, refutar a ideia da abiogênese trinta e um anos depois, Descartes afirma que o homem, perfeito como é, só pode ter sua origem em um ser tão perfeito quanto ele. Logo, a existência de Deus se torna necessária.
E para nosso espanto suas descobertas não param por aí. Ao determinar extremo rigor para a investigação científica ele espera obter bases seguras para a construção do saber. Mas não é o que percebemos atualmente. Na Hélade acreditava-se que Hélio puxava o Sol todos os dias, sendo assim responsável pelo seu movimento. A ciência contemporânea, contudo, afirma que não é Hélio o responsável pelo movimento solar, mas sim a gravidade. Nada esclarecedor. Temos evidências empíricas desse fato, que esse movimento realmente acontece. Porém o que o causa nos é obscuro. O que é matéria? O que são forças? O que é o universo? Nada disso a ciência pode nos afirmar com certeza.
A partir disso podemos tomar mais uma parte dos pensamentos de Descartes para nosso uso: "Minha terceira máxima era a de procurar sempre antes vencer a mim próprio do que ao destino, e de antes modificar os meus desejos do que a ordem do mundo(...)". Com isso esperamos utilizar dessa humildade de pensamento durante nossas viagens pelos conhecimentos científicos na medida que cada vez mais temos a certeza de que nenhum pensamento até hoje se mostrou totalmente verdadeiro.

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