domingo, 12 de junho de 2011

Ao proletariado:a consciência de seu poder

Ao analisarmos o Manifesto Comunista, elaborado por Karl Marx e Friedrich Engels, é interessante notarmos que logo no início do texto, fica claro que para seus autores a burguesia é uma classe essencialmente revolucionária, que apesar de sempre estar se reinventando não aboliu de forma alguma os antagonismos de classes. Isso fica claro ao constatarmos que há um evidente violento conflito: o da burguesia contra o proletariado.

Outro ponto da abordagem de Marx e Engels que merece destaque é a análise que ocorre sobre a evolução dos meios de produção através da história. A princípio, temos o sistema feudal, em seguida surge a manufatura e finalmente, com o aumento da demanda, a manufatura dá lugar à indústria. Dessa evolução anteriormente relatada, há a produção de uma nova classe: a burguesia moderna.

Essa nova classe “substituiu a exploração velada por ilusões religiosas e políticas, pela exploração aberta, imprudente, direta e brutal.”. Ou seja, essa classe, ao utilizar-se dos novos meios de produção, fez com que o trabalhador trabalhasse pelo aumento da produção, pela eficiência e não pela esperança em alguma recompensa de caráter metafísico ou algo do gênero. Além disso, houve uma “globalização” da produção, pois, como podemos constatar vislumbrando os atuais meios de produção, há uma dispersão dos locais onde se produz e idealiza partes integrantes de um mesmo produto.

Existem duas consequências bastante visíveis ao analisarmos a burguesia e seus efeitos sobre a sociedade como um todo: a primeira resume-se no fato de haver um significável aumento nas aglomerações urbanas (urbanização), e a segunda é encontrada nas periódicas crises que o sistema capitalista enfrenta durante sua existência. A crise imobiliária de 2008 iniciada nos EUA exemplifica perfeitamente a segunda consequência mencionada. E o atual crescimento vertiginoso de cidades por todo o globo concretiza o que foi dito na primeira consequência.

O desenvolvimento burguês, no entanto, acarretou o desenvolvimento de outra classe poderosíssima, o proletariado. É ele que opera as máquinas dos patrões burgueses, ele é a força produtora e, por essa razão, se dá seu poder. Sua exploração é evidente a todo momento na história capitalista e por tal razão é compreensível que essa classe ora ou outra manifeste-se contra um sistema que somente a oprime. Tais manifestações são de certa forma, organizadas através de instituições que representam os interesses proletários dentre os quais se destacam os sindicatos.

Voltando à questão da luta de classes, pode-se dizer com certeza que a proposta mais agressiva em relação a seu enfrentamento é a dos comunistas. Segundo Marx e Engels, “a teoria dos comunistas pode ser resumida em uma sentença: abolição da propriedade privada”. Essa propriedade baseia-se no antagonismo de capital e trabalho assalariado. Baseia-se, portanto, na exploração do proletariado que sofre entre outros abusos o da mais-valia.

Apesar de a proposta parecer violenta, os autores ressaltam que na verdade a propriedade privada é um privilégio de uma minoria social e que, dessa forma, extingui-la seria um benefício para a maioria dos integrantes da sociedade. Essa melhoria social é expressa na seguinte sentença do texto: “Na proporção em que a exploração de um indivíduo por outro termina, a exploração de uma nação por outra também terminará. Na proporção em que o antagonismo entre classes dentro da nação desaparece, a hostilidade de uma nação para outra terminará”.

Em síntese, o que Marx e Engels procuram explicar no Manifesto Comunista é que o proletariado é a classe social com mais potencial revolucionário e com maior força que existe. É a classe que torna a produção em larga escala algo viável e, portanto, sua existência é fundamental para que a burguesia se mantenha íntegra. Por essa razão, os autores defendem através de pressupostos do Manifesto e de grandes argumentos e exemplos, que o proletariado deve se unir e atuar em prol de seus interesses e de melhorias que beneficiem a maior parte da sociedade. Pois, segundo eles “os proletários nada têm a perder fora suas correntes. Têm o mundo a ganhar”.

Sonhadores de todos os países, uni-vos?

"Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que lutar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

(...)

Imagine não existir posses
Me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade de humana
Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo

Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo será como um só."

Estes são trechos traduzidos da música "Imagine" de John Lennon. É Lennon, mas poderia ser Marx.

Ao ler "O Manifesto Comunista" de Karl Marx é possível observar os ideais do autor. Ele não fala exatamente sobre o fim dos países ou da religião, mas trata estes como consequência do desenvolvimento real do socialismo. Já o fim das posses, da propriedade privada, da ganância e da fome e a formação de uma sociedade igualitária são ideais já amplamente conhecidos do socialismo, também sendo facilmente observáveis no manifesto. Por fim a chamada para que as pessoas se juntem em prol deste ideal na música de John Lennon, da mesma forma como Marx encerra seu texto com a célebre frase: "Proletários de todos os países, uni-vos!" Sim, são palavras diferentes, são contextos diferentes, Marx chama os proletários e John Lennon chama a todos. Mas no fim das contas as ideias dos dois não eram as mesmas? O intuito nos dizeres e até a forma como foram colocados não seriam os mesmos? Claramente sim.

Marx e Lennon foram grandes sujeitos de grandes ideais. Entretanto o fim dos pensamentos de Marx na prática e a morte do próprio John Lennon fazem com que certas análises sejam necessárias:

Ambos tratam religião e nacionalidades como passíveis de causarem diferenças. A diferença é necessária para o ser humano, as pessoas tendem a ser diferentes e não são esses dois fatores que causam a briga entre elas, mas sim a intolerância em volta deles. E também não é necessariamente a posse que causa as desigualdades. Como o próprio Marx diz, a posse de terras na época dele era de cerca de 90% nas mãos dos grandes latifundiários e isso não é por culpa da posse, mas por culpa da ganância humana! Nenhum ser humano acharia ruim se o outro tivesse posse do suficiente para viver e ser feliz com dignidade e até mesmo um algo a mais se achasse necessário, desde que não faltasse para os outros. O problema é que a ganância cega o ser humano e a posse dá suporte para essa ganância. Mas a verdade é que religião, nacionalidades e posse não são os culpados, mas sim a intolerância e a ganância humanas. Aqueles são só pretextos para a necessidade humana de praticar o mal para os outros. Não há socialismo que resolva isso.

E é aí que entra a questão do fim dos ideais de Marx na prática e da morte de John Lennon: o fim dos ideais de Marx na prática pode ser entendido como a experiência soviética, claramente fracassada. A antiga URSS não conseguiu nunca levar à prática todos os ideais de Marx. E por incrível que pareça, a ganância e a intolerância de alguns no regime podem ser facilmente citadas como algumas dentre as diversas causas do fracasso. Chega a ser irônico...

Já a morte de John Lennon deveu-se a um fã. O extremo da paixão fez com que o fã matasse o próprio ídolo. E isso acontece diariamente: paixões doentias que terminam em tragédias. Mas voltando ao contexto, a relação disso com o tema é que simplesmente o extremismo causou essa morte. E o extremismo é, querendo ou não, presente nos pensamentos de Lennon e Marx e todo tipo de extremismo, sem exceção, causa isso: destruição. A tolerância deve ser sempre levada em consideração, ela é simplesmente primordial!

Liberdade sem igualdade como vemos atualmente em muitos lugares do mundo é claramente ruim. Mas igualdade sem liberdade e cheia de extremismos também não é tanta vantagem. É como escolher entre a AIDS e o câncer...

Eu particularmente não acredito que essa ou aquela forma seja o perfeito ou o total imperfeito. Só gosto do respeito à liberdade e à igualdade e prefiro fazer minha parte a defender ideais impraticáveis. Talvez se vários fizessem sua parte, no fim uma consciência social, coletiva fizesse do mundo um lugar realmente melhor. E por mais que eu tente viver na prática, na realidade, eu ainda posso ser considerado um sonhador por acreditar que mais possam pensar como penso. Mas quem sabe algum dia mais sonhadores se juntem a mim? Não é impossível. Utilizando de outro trecho traduzido de música, de
outro John, "Belief" de John Mayer: "A convicção é uma bela armadura(...) convicção pode, convicção pode..." Que essa convicção esteja presente em mais mentes.

Já seria um começo...

O Manifesto da Revolução

Partindo de outras obras de Marx, como O Capital, para analisar o contexto mais corretamente podemos entender a importância e necessidade do Manifesto Comunista na época em que foi confeccionado. Marx afirmou em O Capital que o regime capitalista é revolucionário por duas razões. A primeira delas é o fato de a burguesia, com suas virtudes, ter aumentado os meios de produção em um século mais do que a humanidade fizera em milênios, fato esse que Marx exaltava de certa maneira. A segunda é a própria base revolucionária do sistema, que passa por uma transformação incessante, conquistando, expandindo e trocando de rumos e setores de acordo com as variações do mercado.

Essa transformação incessante dos meios de produções seria, para Marx, fecunda e necessária, mas isso se dá à custa dos operários. Ele diz isso porque os operários se especializam em apenas uma parte limitada da produção, correndo risco de perder seu meio de subsistência ao serem substituídos por máquinas, por exemplo. Os economistas respondem a isso afirmando haver ‘compensação’, ou seja, sempre que se criam novos empregos para absorver essa classe, mas Marx diz que isso só ocorre em longo prazo e acaba gerando grande numero de desempregados, o exército de reserva industrial.

Tendo esses aspectos da situação econômica e social em mente, surge o manifesto comunista, partindo de uma análise histórica que distingue a opressão exercida pela burguesia moderna. É possível assimilar que o texto contribuiu de forma muito significativa na busca pela solução de problemas como a miséria, a exclusão de uma massa marginalizada pela sociedade e a exploração do trabalho.

O manifesto critica veementemente o modo de produção do sistema capitalista e as conseqüências à sociedade, que acabou por se moldar por meio desse modo. A intenção era instigar o proletariado a uma organização como classe social capaz de reverter a ordem vigente em favor de sua situação e, para isso, o texto define os princípios do socialismo científico.

A revolução partiria da luta embasada no conhecimento histórico da organização social, com vistas à abolição da propriedade privada, o que acabou por gerar diversas interpretações errôneas acerca dos objetivos finais da implementação do comunismo. Afinal, este não privaria o poder de apropriação dos produtos sociais, e sim anula o poder de submissão do trabalho de outros proveniente dessa apropriação. Enfim, a separação social em classes ruiria assim como a opressão do poder público, culminando com a criação da sociedade comunista.

Em suma, o Manifesto Comunista visava desconstruir a sociedade burguesa, substituindo-a por uma associação de pessoas na qual o livre desenvolvimento de cada um de seus membros seria a condição para o simultâneo desenvolvimento de todos os outros.

Luta do proletariado, êxito do burguês

  "A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes"- K. Marx e F.Engels.
  Em sua obra "O Manifesto do Partido Comunista" Marx e Engels descorrem sobre a luta de classes e a opressão da classe trabalhadora. Os autores mostram a opressão como reflexo do modo de produção capitalista, que era o que havia de mais evidente na ordem social daquele momento.
  A sociedade burguesa moderna veio substituir a sociedade feudal, afinal com o surgimento da burguesia e suas crescentes ambições econômicas, o sistema feudal se tornou um entrave ao desenvolvimento do mercado visado pela mesma. Essa nova sociedade não aboliu os antagonismos, não fez senão substituir as classes feudais por outras novas classes.
  Surgem as manufaturas, a divisão do trabalho dentro das oficinas e logo o mundo se vê suplantado pelas grandes indústrias. A burguesia moderna advém desse longo processo de desenvolvimento econômico e progresso político.
  A obra em questão surpreende pela atualidade de suas ideias, Marx e Engels tratam sobre a "destruição criativa" que seria o fato de novas tecnologias substituírem as antigas com uma rapidez indescritível. A agilidade de criação, de divulgação, de consumo e de ultrapassagem de produtos é um dos pontos abordados pelos autores facilmente perceptível na sociedade atual. Novas tecnologias substituem as consideradas já antiquadas, tudo visando atender a ânsia consumista e não apenas a simples satisfação de suas necessidades.
  As consequências desse consumismo excessivo é uma mudança nas ideias e principalmente nas relações humanas.Como exemplo percebe-se o fato de muitas famílias terem suas relações sentimentais sobrepujadas pelas monetárias.
  É tratada também a Interconexão dos mercados. Viu-se como a crise de 2008 ocorrida nos EUA, devido a um desequilíbrio no setor imobiliário afetou em pouquíssimo tempo grande parte das economias mundiais. Tal fato é reflexo das conexões que substituem a auto-suficiência local e nacional. Depende-se das tecnologias resguardadas pelas potências e essas dependem das grandes explorações deferidas aos países menos desenvolvidos, de modo que o desequilíbrio político ou econômico de um país afetam todos os outros do globo.
  Percebe-se por parte do capitalismo a privação do homem de sua individualidade, em áreas que vão do trabalho à cultura. Tudo passa a ser controlado pelos parâmetros mundiais, há um roubo da liberdade individual para que haja a liberdade econômica liberal.
  O retrato feito em sua obra é de uma sociedade onde comida é queimada para elevar seu valor de mercado enquanto muitos passam fome, uma sociedade onde o trabalhador não se vê no produto de seu trabalho, uma sociedade onde operários são mercadorias. Escravos da classe burguesa, escravos da máquina, e escravos do consumo, é desse modo que o indíviduo perde sua subjetividade e a vê usurpada por um sistema cujo objetivo é a lucratização desmedida.
 Abordando diretamente a questão social, a obra "O Manifesto do Partido Comunista" desperta em seus leitores a busca da solução de problemas como a miséria e a exploração do trabalho; rumo à concretização do princípio, que defende a igualdade entre os homens.
Danielle Tavares 1º noturno.

A elevação do proletariado ao poder máximo

Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels, através da obra “Manifesto do Partido Comunista”, denunciam o antagonismo entre duas classes vigentes naquela sociedade: a burguesia e o proletariado.

A burguesia, representada pelos antigos servos da Idade Média, surgiu com a expansão da produção (até então desempenhada pelas manufaturas) e do comércio (proporcionado pelas inúmeras descobertas de outros territórios). Já o proletariado é composto por camponeses e antigos membros de corporações de ofício, cuja principal atribuição é servir de “motor humano” para a indústria moderna.

Os burgueses são tidos como revolucionários por destruírem toda a ordem feudo-medieval, alterando o sistema econômico, cultural, social, enfim, todos os aspectos da vida cotidiana daquele período. Além disso, o poder de mudança dessa dinâmica é tão forte que novos paradigmas são construídos sem antes mesmo de antigos conceitos serem validados. Assim, há enorme apego ao empreender e ao inovar.

Ademais, as amarras sociais da Idade Média se davam por alienações religiosas e políticas, de maneira implícita, enquanto os ideais posteriores explorariam de forma mais evidente através da submissão dos indivíduos ao capital, instrumento sem o qual seria impossível sobreviver uma vez que o êxodo rural fora provocado em nome do desenvolvimento e, estando as pessoas no cotidiano urbano, surgia a necessidade de estarem empregadas em indústrias ou comércios.

Não obstante, todas as nações viam-se obrigadas a seguir tais preceitos, pois a renúncia certamente traria obsolescência econômica, algo pouco quisto num período onde a luta pelas descobertas dependia diretamente do poder financeiro de cada país.
Dessa forma, a vontade burguesa molda o Estado à sua maneira, isto é, cria leis e o estrutura de forma a contemplar todas as suas reivindicações, sem espaço para qualquer outra manifestação alheia.

Entretanto, toda a capacidade de produção, de inovação, todas as ferramentas desenvolvidas, toda a tecnologia e a ciência criadas pela dinâmica burguesa serviriam, igualmente, como arma para sua própria destruição. Isto porque havia uma maioria subjugada, que era a classe trabalhadora, o proletariado. Essas pessoas constituíam a maioria da população, ou seja, sua força, caso houvesse união, seria superior a qualquer imposição do governo ou de qualquer mandante minoritário. É nesse sentido que há o chamamento para a revolução, pois o momento era propício por exibir o poder desenvolvimentista e a vontade da massa expressiva.

Assim, o Manifesto termina com um convite aos trabalhadores para a modificação das estruturas sociais com vistas ao verdadeiro estabelecimento de uma organização que visasse o bem comum, sem a apropriação e a exploração das pessoas.

Opressores e oprimidos

Em uma de suas notas no Manifesto Comunista, publicado pela primeira vez em 1848, Engels diz o seguinte: "Burguesia significa a classe dos capitalistas modernos, que possuem meios da produção social e empregados asssalariados. Proletariado, a classe dos trabalhadores assalariados modernos que, por não ter meios de produção próprios, são reduzidos a vender a própria força de trabalho para poder viver." Essa distinção entre burgueses e proletários é a base primordial de todas as ideias defendidas por Marx e Engels a fim de chamar a atenção desses últimos para as condições sociais da época, para as injustiças cometidas pela burguesia e a exploração a que estavam sendo submetidos.

Os autores fazem uma análise histórica, demonstrando que, em todas as épocas houve luta de classes, desde o sistema feudal. Entretanto, essas classes se simplificam nas duas definidas acima, com o triunfo da burguesia. Mas como se deu exatamente essa ascensão da burguesia? De que maneira ela conseguiu obter autoridade política? Tudo se deu devido ao crescimento do mercado mundial e à revolução dos instrumentos de produção, provocada por esse grupo. Os burgueses foram os primeiros a dar provas de que a atividade humana poderia empreender e criar o improvável. Eles se tornam, assim, "líderes de todo o exército industrial", diante de tamanhas modificações e inovações. Marx e Engels chegam a fazer uma descrição exaltada dessa capacidade burguesa, afirmando que em nenhum outro século pôde-se observar criações de tal magnitude, estando elas adormecidas no seio do trabalho social. Entretanto, esse ritmo de produção se torna caótico, a ponto de não poder mais ser controlado nem mesmo pelos que o introduziram, e é aí que surgem as crises, que os autores identificam como uma "epidemia da superprodução". Isso demonstra também a ideia de que tudo o que é sólido derrete-se no ar; não existem mais relações firmes e sólidas, e, dessa maneira, a burguesia acaba criando seu próprio inimigo, aquele que é capaz de utilizar suas próprias armar para lutar contra ela: o proletariado.

Os proletários, nesse novo meio de produção, passam a ser vistos como mercadoria, simples apêndices da máquina cujo trabalho não exige nenhuma habilidade construtiva, transformando-se em algo simplório e monótono. Além disso, diferenças de idade e sexo não são levadas em consideração, e as consequências desse fato para o meio social são intensas, aspecto que Marx descreve com bastante clareza também em "O Capital". Portanto, segundo o Manifesto, a luta do proletariado contra a burguesia começa do nascimento, pois estão inseridos nesse sistema e não têm escapatória dessas relações de exploração, a menos que mudem isso a partir da união cada vez mais abrangente de trabalhadores. Chegam, assim, à conclusão de que a burguesia é inapta para exercer o governo, já que não pode nem mesmo assegurar a existência de seus "escravos" sem que estes afundem em total degradação.

Diante disso, surgem os comunistas, com a meta de instituir o proletariado como classe verdadeira, derrubando a supremacia burguesa e conquistando o poder político. Um dos principais aspectos dessa revolução seria a abolição da propriedade burguesa, individual, com o argumento de que na realidade, a propriedade é um benefício de poucos, sendo esta inexistente para a maioria. E, ademais, o movimento proletário representa o interesse da maioria. Defendem, então, a centralização dos meios de produção nas mãos do Estado, o que acabaria com a oposição entre classes e com a sua própria existência, dando lugar a uma associação na qual fosse possível o desenvolvimento livre de todos. Fica claro que os comunistas apoiam os movimentos revolucionários contra a ordem da sociedade da época, de maneira universal.

É impossível, depois de ler o Manifesto Comunista, não refletir sobre suas ideias e tentar situá-las na atualidade. O que se diz contra as relações entre opressores e oprimidos é muito coerente com nosso sentimento de justiça e igualdade, e é difícil não ser invadido por uma sensação de otimismo. Entretanto, sabemos que o mercado e seu poder atrativo impedem que essa consciência de liberdade para todos seja incorporada na sociedade capitalista, pois, querendo ou não, tudo gira em volta do mercado e só ele é regulador das relações econômicas (aspectos como religião e cultura ficam excluídos dessa perspectiva). Dessa maneira, os laços entre as pessoas também ficam de certa forma presos ao mercado, e geralmente nos deixamos levar por ele. As transformações que a humanidade viu nos últimos séculos transformou permanentemente todos os tipos de relações, e diante de uma força tão auto-suficiente e grandiosa, só nos resta questionar se algum dia realmente nos veremos livres da existência de uma hierarquia de classes, de opressores e oprimidos, independente do sistema político no qual estejamos inseridos.

Exploração, luta de classes e utopia

A história de toda a humanidade se resume para Marx e Engels na história da luta de classes, em que existe um enfrentamento constante entre uma classe que é dominante e outra que é dominada.Para Marx a sociedade moderna não substituiu a luta de classes, apenas trocou de classes antigas por novas, novas condições de opressão da mesma forma novas formas de condições de luta.Nessa época da burguesia, a sociedade cada vez mais caminha para dois grandes blocos antagônicos:o proletariado e a burguesia, tendo passado para Marx e Engels por um longo processo de desenvolvimento, pelos diferentes modos de produção.

Segundo Marx a burguesia destruiu todas as relações, sejam feudais, patriarcais, idílicas, transformando em um puro interesse pelo dinheiro.A burguesia para Marx é uma das causas das guerras entre os homens, dessa forma a burguesia não pode viver sem ''revolucionar os instrumentos de produção, portanto, as relações de produção, e assim o conjunto das relações sociais''.Assim, o que era antigo deixa de existir sendo constantemente transformado, e isso nos remete à famosa frase:''tudo o que era estável e sólido desmancha no ar''. A burguesia conquista os quatro lados do mundo, vai além das fronteiras, pela exploração do mercado mundial, ela levou todos os países à produção e o consumo, as indústrias para Marx que agora são novas indústrias, não adquirem para fazer suas matérias-primas de localidades, mas matérias-primas de outros países (colônias) e seus produtos acabam sendo levados para todos os lugares do mundo, antigas necessidades dão lugar às novas necessidades que acabam fazendo parte do consumo e da necessidade de cada indivíduo, nação ou país e talvez esse seja o início do termo globalização.

Nos remetendo à classe dos proletários, Marx diz que com a extensão do maquinismo e da divisão do trabalho, o trabalho perdeu todo o caráter de autonomia e, assim, todo atrativo para o operário. Este se torna um simples acessório da máquina.Só lhe exigem o gesto mais simples, mais monótono, mais fácil de aprender. Portanto, os custos que o operário gera limitam-se aproximadamente apenas aos meios de subsistência de que necessita para manter-se e reproduzir-se. Ora, o preço de uma mercadoria – e, portanto, também do trabalho – é igual a seus custos de produção. Por conseguinte, à medida que o trabalho se torna mais repugnante, o salário decresce.Assim o capitalista visa cada vez a aumentar seu lucro às custas do trabalhador, fato que inevitavelmente acarreta a luta de classes.

Enfim, para Marx a luta de classes é característica inerente ao capitalismo, além daquela ser para ele o ‘’motor da história’’, responsável pelas profundas alterações e contradições existentes no sistema capitalista, algo bem visível atualmente.Cabia ao proletariado manifestar-se para mudar a exploração e dominação a que estavam sujeitos e para Marx essa manifestação ocorreria pela revolução, instaurando uma sociedade igualitária e mais justa, fato que parece ser uma utopia até os dias de hoje.