terça-feira, 10 de maio de 2011

Consciência coletiva como algo voluntário

Na teoria pós-positivista de Émile Durkheim há uma concepção de que fato social é o ato que não se vincula a vontade do individuo, mas a maneira como age quando se encontra em sociedade.

Além disso, para o verdadeiro estudo deste fato social deve-se partir do fato em si, ou seja, tratar este como coisa. Deste modo, ele considera que o fato social tem a mesma natureza que objetos orgânicos, por exemplo, e que, portanto tem de ser estudado assim como aquele. Ele contraria a tese de que é necessário partir das idéias para chegar à essência do objeto. Então, o correto seria partir das “coisas” para chegar nas “idéias”, somente desta forma seria considerado ciência.

Para ele também seria preciso certo distanciamento entre o cientista e seu objeto, para que aquele fosse o menos influenciado possível por sentimentos pessoais em relação a este. Por isso, faz uma crítica a Comte e Spencer por ambos partirem de suas próprias idéias em seus respectivos estudos, e não realizarem uma análise real das “coisas” que efetivamente encontram-se no cotidiano.

Na obra, o autor faz uma comparação entre a sociologia e a psicologia considerando que aquela tem vantagem sobre esta, uma vez que pode ser notado no cotidiano como forma de “leis”, por exemplo.

Por fim, Durkheim menciona a consciência coletiva como algo que impulsiona um indivíduo a agir conforme os outros. E então, nascem ações que todos praticam sem perceber tratar-se de uma convenção inconsciente entre as pessoas.

Imposição invisível

Ao começar a ler o texto de Durkheim, logo de início ele questiona o que seria o ''fato social'', seus âmbitos não só em sociedades, mas também em ocasiões que não apresentam estas formas cristalizadas de se viver.Ao longo de sua obra ''Que é fato social?'', o autor nos explica o que é isso na sua visão, fato que eu explanarei a seguir.

Para ele o ''fato social'' nada mais é do que todos os fenômenos que se passam no interior da sociedade e que têm interesse social, contudo ele especifica que, por exemplo, dormir, comer, raciocinar, não são ''fatos sociais'' porquanto são realizados regularmente, e se o fossem, a sociologia se confundiria com biologia, psicologia, dentre outras.Além disso, Durkheim deixa clara a ideia de que não temos escolha sobre como agir socialmente, já que desde crianças nos são impostas normas de condutas que não chegaríamos sozinhos e para completar tal raciocínio, Spencer diz que para alcançar a racionalidade, é imperioso deixar as crianças agirem sozinhas sempre, fato que não ocorre: ''A pressão de todos os instantes que sofre a criança é a própria pressão do meio social tendendo moldá-la à sua imagem''.

A consciência individual que pensamos ter é mera ilusão para o autor, pois todas as leis-econômicas, sociais, políticas,...- são regidas coletivamente, e por conseguinte, a profissão que se tem, a moeda utilizada, existem independentemente do uso que se faz dela.Por outro lado, se se experimentar violar as leis sociais elas trarão coerções em maiores ou menores graus, como as normas do direito e as morais, respectivamente.Logo o homem para o bem não só individual, mas também coletivo, é forçado a agir seguindo condutas pré-estabelecidas de acordo com o tempo em que vive (pois elas podem variar ao passar da eras).Por tudo isso estamos diante de uma ordem a ser seguida: consiste na forma de agir, de pensar e de sentir do indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude da qual lhe impõem.

Concluí-se então, a partir do exposto, que grande parte de nossas ideias, hábitos e gostos não são concebidos por nós mesmos, mas nos vêm de fora e absorvemos eles pela invisível imposição social.