sábado, 30 de abril de 2011

O Real e o Ilusório; A Ordem e o Progresso

“O real frente ao quimérico, o útil frente ao inútil, o certo frente ao incerto.” A Filosofia Positivista busca a interpretação daquilo que é concreto. Diferentemente das antigas correntes filosóficas, cria suas leis embasadas na união de diferentes princípios. Por isso, Comte caracteriza o Positivismo como o “amadurecimento do espírito humano”. Carrega, juntamente com os próprios, fundamentos teológicos e metafísicos para um estágio de maior rigor, compondo um pensamento máximo e absoluto de explicação do mundo.

Somos metaforicamente transformados em “órgãos”, formando um só sistema sincrônico. Tal sincronia refere-se à harmonia com que a Sociedade é mantida por aqueles que a compõem. Cada qual é responsável por determinada tarefa, gerando, pois, a ordem da sociedade. Consumada a ordem, origina-se o progresso. Para Comte, o progresso da sociedade é a evolução desta. Diferentemente daquilo que vivemos hoje, esta mudança é gerada de maneira solidária, não representando a “superação” do indivíduo somente. O Positivismo é necessário para ajudar a manter a ordem do sistema, solucionar as patologias e, assim, gerar o bem estar do “corpo”.

Dessa forma, a corrente positivista apresenta quatro propriedades:
- Primeira, o apontamento das leis gerais da sociedade, fundamentado nas “leis lógicas” dos fenômenos (Estática: leis históricas e invariáveis – direitos, deveres, leis, normas – geram ordem; Dinâmica: capacidade de evolução da sociedade – gera o progresso.);
- Segunda, a reforma da educação, visando o encadeamento das diversas ciências (Nova Proposta);
- Terceira, o conhecimento uno, tendo o positivismo como a combinação das diversas ciências;
- Quarta e última, ser o Positivismo a base para o reorganizar social.

Além disso, Comte declara a importância da união da Ciência (ação) e da Técnica (aplicação) para o auxílio da superação da fragilidade fisiológica do homem. Tal fragilidade pode ser exemplificada com a Monarquia vivida no Brasil (1822 a 1889), finalizada com a Proclamação da República, esta, por sua vez, influenciada por ideias positivistas ligados ao lema “Ordem e Progresso”, que passou a ser ostentado na bandeira do país.

O Positivismo de Comte concentra-se “na vida real, ‘afastando-se’ das vãs ilusões”. Procurando o bem estar da sociedade como um todo, buscando as leis do universo para auxílio.

Ídolos da tribo.

Sobre um dos aspectos da obra de Bacon em, BACON, F. Novum Organum, os ídolos da tribo,falsas percepções.

Um modelo para garantir a verdade.

Sobre René Descartes e sua obra (DESCARTES, R. O discurso do método):

http://www.youtube.com/watch?v=H1QdhKszy9o&feature=related

Este outro vídeo fala sobre o que seria o racionalismo que é também abordado por Descartes.

http://www.youtube.com/watch?v=PN7AfFPnm_w&feature=mfu_in_order&list=UL

E então recomendo que assistam um filme chamado 'Poder além da vida' de Scott Mechlowicz, Nick Nolte, Amy Smart e Tim DeKay, o qual aborda situações bastante convenientes à discussão da busca da verdade como forma de conhecimento próprio.

Link do filme online:
http://xnove-filmesonline.blogspot.com/2009/07/poder-alem-da-vida-dublado.html

Pensamento, lição, por fim, desenvolvimento

Ao ler as parte I e III de Auguste Comte (Curso de filosofia positiva e Discurso preliminar sobre o conjunto do positivismo, respectivamente), fica clara a inovação proposta por ele ao citar a sociologia como método e o pensamento humano- dividido em positivo,teológico e metafísico- como formas aplicáveis à diversas sociedades.

A sociologia constituída por Comte é uma ciência abstrata, ele expõe os métodos, o objeto, as divisões necessárias, as leis aplicáveis a todas as sociedades possíveis, aplicando-a na prática.É interessante notar que para Comte a pesquisa das leis faz-se pela observação direta dos fatos sociais e não pela simples dedução de dados metafísicos.

Dessa forma a sociologia deveria orientar-se no sentido de aprimorar e esclarecer aquilo que ele chamava de leis imutáveis da vida, deixando as críticas de lado e deixando de abordar temas já então famosos, como por exemplo, a justiça ou a liberdade.

Agora já na filosofia positiva, Comte nega que a explicação de fenômenos sociais e naturais venha de um só princípio; para ele a física, a matemática, a biologia são caminhos que já atingiram a positividade e por conseguinte são de significativa importância para o aprimoramento social.Ao utilizar essas matérias na prática, vemos que a compreensão da realidade lida, normalmente, com uma relação contínua entre abstrato e concreto, objetivo e subjetivo.Dessa maneira o positivismo fica caracterizado por abranger um leque grande de temas, tais como o relativismo, a preocupação com o conjunto e com o bem público, dentre outros.

É nesse contexto que Auguste Comte diz ser necessário o conhecimento da realidade para prever o que nossas ações acarretarão, melhorando assim a realidade presente.Logo a previsão científica é uma das bases mais importantes do pensamento positivista.Em síntese, Comte aborda na sua obra questões cruciais para o desenvolvimento da sociedade, dizendo o que cabe a cada classe social, bem como propondo uma espécie de física social a ser seguida como parâmetro para o futuro aprimoramento das sociedades.

O positivismo para o mundo

O século XVIII representou um período de grandes transformações na Europa. As revoluções Industrial e Francesa, além de consolidar o poder do capitalismo burguês, criaram novos problemas para a humanidade. Os entraves econômicos e sociais passaram a ser agravados por inúmeros motivos como a superexploração da classe trabalhadora industrial, a insalubridade pública, a falta de planejamento do novo espaço das relações sociais capitalistas - os centros urbanos - entre outros.

Além disso, esse século foi também marcado por intensas evoluções no âmbito científico, promovendo grande racionalismo e o desenvolvimento de inúmeros métodos científicos. A partir desses métodos das ciências naturais foi possível o desenvolvimento de novos instrumentos para o controle e entendimento dos fenômenos sociais.

Diante desse panorama caótico e, ao mesmo tempo, intenso produtor de novas ideias, viveu Augusto Comte. Para ele, os colapsos produzidos pelas revoluções de sua época se tornaram objetos de profunda reflexão e a ‘’paz social’’ só poderia ser restabelecida na medida em que a intelectualidade humana fosse reformada por um sistema de pensamento novo. À esse novo sistema, Comte denominou Positivismo.

Em Curso de Filosofia Positiva, Comte buscou explicar os fenômenos naturais e sociais estabelecendo leis científicas. Uma proposição enunciada de maneira positiva para determinados fatos sociais possuía suas bases na ciência.

Para que o homem fosse capaz de conhecer a realidade, ele deveria passar por três estágios: o teológico, o metafísico e o positivo. O teológico é o estado em que todas as explicações da realidade se encontram no âmbito divino. O metafísico é o estado em que há uma descrença em Deus e o homem passa a reconhecer a sua ignorância diante das leis do mundo e da natureza. No positivo, a humanidade busca respostas científicas para todas as coisas. Este estado de amadurecimento da sociedade é conhecido como Positivismo, que consiste na busca pelo conhecimento absoluto, esclarecendo a natureza e seus fatos a partir de leis.

Comte foi um típico pensador conservador, uma vez que suas ideias contribuíram para a consolidação, desenvolvimento e estabilidade da sociedade capitalista. Para ele, as realizações da sociedade capitalista, como os novos ramos do conhecimento, a industrialização e a urbanização são considerados resultados positivos, enquanto operários e camponeses lutavam contra o sistema e, por serem contrários à ordem estabelecida, colocavam em risco o consenso e a harmonia. A partir dessa análise histórica da evolução social, Comte criou duas categorias fundamentais para uma estrutura social positiva: a estática e a dinâmica.

A estática é responsável pelo ajuste de todos os indivíduos às condições estabelecidas pela sociedade, visando à estabilidade social e garantindo o bem comum. Já a dinâmica seria a responsável pela evolução e transformação das sociedades, conduzindo-as das mais simples às mais complexas e, por isso, identificada como progresso. Ambos movimentos devem coexistir para o bom funcionamento de uma sociedade.

Assim, a estática (ordem) e a dinâmica (progresso), encontradas na bandeira brasileira, evidenciam a contribuição e a influência do pensamento positivista no desenvolvimento de complexos sistemas de governo, pensamentos e leis de extrema importância para a convivência das sociedades contemporâneas. O positivismo é, portanto, uma importante ferramenta para o planejamento da organização social e política.


Enfatizando o concreto

Logo após o fervilhão de idéias do século XVIII, Auguste Comte lança seu “Curso de Filosofia Positiva”. A obra lançada em 1830 nos introduz o conceito do positivismo, uma ideologia que trazia para si a responsabilidade de discutir o que era real, útil, certo, rompendo com muito do que era discutido no metafísico século das luzes.
Comte apresenta a evolução do pensamento humano sob uma nova perspectiva. Ele divide o pensamento em três estados históricos diferentes: o teológico ou fictício, o metafísico ou abstrato, e por fim o científico ou positivo.
No estado teológico, que Comte define como “ponto de partida necessário da inteligência humana”, Deus era tido como o elemento que informava todas as instâncias da vida, no metafísico, que seria um estado transitório para se chegar ao positivo, evolui-se para uma concepção na qual o homem seria capaz de racionalizar sua imaginação. O ápice é finalmente atingido quando o homem se torna capaz observar o concreto e interpretá-lo, rompendo com os dois estágios anteriores. Só assim se alcança verdadeiramento o estado final, fixo e definitivo: o positivismo.
O autor nos diz em sua obra que diversos ramos do conhecimento já se utilizavam do positivismo, entre eles a astronomia, física, química e fisiologia, mas que faltava, no entanto, um ramo dedicar-se a ele: o dos fenômenos sociais. Por isso havia uma grande necessidade de se criar a “física social”, ou seja, a análise dos fenômenos sociais, evoluída até o estágio positivo. Seria essa a “maior e mais urgente necessidade de nossa inteligência”, já que somente após o estabelecimento da física social, a filosofia positiva poderia substituir inteiramente, a teológica e a metafísica.
A física social é definida como parte da física orgânica, já que os fenômenos sociais sofrem influência da fisiologia do indivíduo, e para entendê-la, deve haver um conhecimento prévio das demais ciências, pois a compreensão dos fenômenos se dá dos mais gerais, aos mais complexos.
O positivismo mostra-se anti-socialista e anti-liberal. Comte acreditava que cada classe reproduzia seus próprios membros, e que era necessário manter as pessoas em seus lugares sociais para que houvesse progresso. A mobilidade social como reivindicação permanente seria, então, a principal responsável por imobilizar o progresso, pois todas as funções são necessárias ao sucesso do todo. A ordem era essencial, a sociologia para o autor, serviria para diagnosticar os desvios da ordem.
Auguste Comte cita Descartes e Bacon em sua obra, como precursores da filosofia positiva, como contribuintes ao amadurecimento do espírito humano. Bacon é mais frequentemente citado, já que seu método consistia na observação dos fatos para se alcançar um conhecimento real, máxima que Comte julgava incontestável. No entanto, o autor complementa Bacon dizendo que para entregar-se à observação seria necessária uma teoria qualquer, e que essa teoria não poderia ser confirmada na infantilidade em que se encontrava o espírito humano, daí a importância da evolução ao estado positivo.
É dada importância à teoria por ela oferecer a reflexão necessária para prover a técnica sendo que dessa relação resulta o poder de transformar a natureza. Comte distingue a ciência (reflexão) da técnica (arte, ação, aplicação). A classe dos engenheiros pode ser considerada intermediária, ela faz a ligação entre a ciência e a técnica.
Há quatro propriedades fundamentais na proposta positivista:
- o vislumbramento das leis gerais da sociedade e conhecimento das regras gerais convenientes para proceder de modo seguro na investigação da verdade
- reforma da educação para romper com o isolamento das ciências
- a filosofia positiva teria que exigir a combinação do conjunto de concepções positivas sobre todas as grandes classes de fenômenos naturais
- a filosofia teria que servir de base à reorganização social da sociedade moderna
Comte entende que o problema da sociedade moderna seria a anarquia intelectual, causada pela convivência das três filosofias, sendo que o positivismo seria capaz de por fim à agitação política com uma reforma das mentalidades. Essa reforma se daria por meio de uma educação positiva universal, diferente daquela concebida como se cada pessoa devesse se preparar para uma única profissão exclusiva. A visão de conjunto funciona como a base da sabedoria humana, sabedoria esta tanto ativa (ofícios diversos) quanto especulativa (atividade científica)
A instrução, segundo Comte deveria ser estendida à classe trabalhadora, já que é ela a que menos sentiu a influência do ensino metafísico, e por isso está mais aberta ao ensino positivo. Além disso, a instrução seria melhor percebida entre os operadores que entre os empreendedores, pois o trabalho dos operadores tem “fim mais nitidamente determinado, resultados mais próximos e condições mais imperiosas”, além disso, eles têm um contato mais direto com a natureza.
Depois de alcançarem o saber, a classe trabalhadora o utilizaria como uma forma de lazer, pois o saber metafísico alia-se por sua natureza a todos os trabalhos práticos, tendendo ,assim, a inspirar um certo gosto por ele. Esse lazer iria afastar a classe trabalhadora da anarquia e das ambições materiais, reforçar o gosto pelo trabalho prático, rompendo com a perspectiva de participação da classe trabalhadora no poder politico, que não seria necessária, pois os destinados a participar do poder politico teriam a exigência de cumprir os deveres essenciais a eles destinados.
Comte discorre ainda sobre o papel do catolicismo. Ele o considera importante no que diz respeito à universalização da moral, mas a moral religiosa seria também contrária à essência da vida moderna, pois enquanto na moral católica o objetivo é a salvação pessoal, na visao positiva a sociedade tem um papel à frente do do indivíduo.
Aparecem muito fortes na visao positivista, a solidariedade e a felicidade, por estarem associadas ao bem público. O bem público deve se colocar sempre acima do bem de cada um, o “eu” só existe no positivismo pelo papel que ele desempenha no conjunto. Assim é formada uma moral humana, pois combina a inteligência à sociabilidade.
Dessa forma, Comte nos introduz uma nova ciência, a física da sociedade, que deveria ser estudada, para se livrar do teológico e do metafísico restante entre nós, e conseguir assim uma melhoria concreta da vida social.